terça-feira, dezembro 21, 2010

CURSOS EM JANEIRO

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quinta-feira, dezembro 09, 2010

David Oconnor comunicando-se

Comunicação sem ruídos

Ainda to meio azeda...mas como a vida continua (para alguns....), vamos lá.


Recebo muitas perguntas orkutianas, emeesseenicas, facebookianas bem como outras centenas delas eu mesma me faço prá mim pro meu próprio migo, normalmente via travesseiro.


Well...


Muitas perguntas são sobre que freio usar, qual o que serve e muitas outras sobre as consequencias que o uso de determinada embocadura esta trazendo, desde não deixar colocar o bridáo, empinar, bolear, disparar até assalto a casco armado e fuga.


Posentão, se tem um negócio que nunca vai falir no mundo é a loja de embocaduras. Tem sempre alguém querendo trocar o freio que funcionou por um tempo depois não deu mais certo, querendo um mais forte, um mais suave, um mais inteligente e por ai vai.


Vejo nas competições de salto certos cavalos com verdadeiras obras de engenharia na boca, cheio de alavancas, roldanas, fiozinhos prá tudo que é lado. Sem contar nas rédeas auxiliares e gamarras fixas usadas para abaixar a cabeça do quadrúpede que a própria ferramenta está fazendo levantar!


É da natureza humana, já que sua evolução foi possível pelo polegar oposto, ou seja, manipular e produzir ferramentas... que azar o do cavalo né mez?


Aqui vai meu melhor conselho sobre o que usar na boca do cavalo: os ouvidos do cavaleiro!

Pois tudo isso é sobre comunicação!


Vamos pensar no contexto:

para que se usa embocaduras? para controlar o cavalo.

como se controla meia tonelada de musculos e ossos inventados para correr e fugir ao primeiro sinal de ameaça? Imagina então quando a ameaça vem de cima do lombo dele então!?
Na minha opinião.... é melhor começar por controlar a mente do cavalo (muuuito mais leve) que dai o corpo vem junto!


A habilidade de controlar um cavalo está diretamente ligada a capacidade de seu cavaleiro se comunicar com clareza e inteligentemente.


Meu conselho bonus: pense na embocadura do seu cavalo como fosse um microfone. Quando ligado em altissimo volume, no caminhão da Liquigás, com aquela musiquinha irritante...provoca ruídos desconforto, microfonia. Agora, quando está na boca da Nana Caimmy ou na mão do Rodrigo Pessoa...
Antes de levantar a voz com seu cavalo, usando ferramentas mais duras, trabalhe mais no que, quando e como voce vai dizer as coisas para ele.


Se voce prestar atenção, voce pode avaliar a habilidade de um cavaleiro e a qualidade da sua comunicação com o cavalo pela simplicidade das suas ferramentas.


Conselho bonus plus - trabalhe mais na sua mão do que na boca do seu cavalo.



E tenho dito!

quarta-feira, dezembro 01, 2010

SENHORES IMPLACÁVEIS

Existe um tema polêmico sempre presente no meu trabalho que me causa enormes problemas, desentendimentos, críticas, brigas, pressões e que me irrita profundamente.



O TEMPO


Aliás, não o tempo e sim seus senhores, os treinadores, cavaleiros e proprietários de cavalos.


O assunto tempo não surge logo assim que me contratam...na hora do desespero, todo o proprietário e treinador é calmíssimo, e está nas minhas mãos. Aí é "Tu que manda" "A snhóra que manda dotôra!" ou o mentiroso "Não tenho pressa!". Ah mas espera um pouquinho só, alguns dias, até esquecerem do trauma do cavalo ou da loucura que carrega o potro xucro...


Fico pensando... como é que eu resolvo isso? Como explico que só existe um tempo certo, o tempo de cada cavalo. E que minha vida gira em torno de fazer as coisas respeitando esse tempo e tentando enxergar o mais nítidamente possível quanto isso é em minutos, horas, dias, meses e anos?


O que é exatamente demorado? Quanto tempo é tempo demais?
Vejamos...


Leva-se quanto tempo para destruir um cavalo? Tirar toda a sua moral e confiança a ponto dele perder totalmente o seu controle e nós o dele...e torná-lo extremamente perigoso?


Quanto tempo eu tenho para iniciar um potro? Ensiná-lo a correr apenas quando as portas abrirem, a correr como se sua vida dependesse disso, embora seja desnecessário ensinar isso porque ele foi inventado para fazer melhor do que ninguém.
Quanto tempo eu tenho para ensina-lo a não correr do ferreiro, do cavaleiro, das luzes, do medo, do susto, da dor...
Quanto tempo eu tenho para tentar recuperar tudo aquilo que foi retirado dele abaixo de violencia e desconhecimento do que aterroriza e do que estimula um cavalo?


Constantemente somos (eu e cavalo) acossados por proprietários, treinadores e pilotos que, depois que Ponciopilateiam, passam a ser os juizes e controladores do que é tempo demais ou de menos...
É frustrante muitas vezes eu não conseguir trabalhar sem pressa, para poder fazer as coisas tão rapidamente quanto eu sei que é possível! Tem horas, especialmente dias como hoje, que dá vontade de parar. Já que não posso com o tempo, pelo menos que eu não tenha que lutar contra os senhores.


É preciso ir devagar para chegarmos rápido a algum lugar, é preciso ter o dia inteiro para levar apenas 15min para se fazer algo. É preciso fazer bem, fazer certo que o rápido segue depois. Com cavalos, só tempos controle sobre aquilo que ainda não aconteceu...


Acontece frequentemente depois de algum tempo que trabalho um cavalo, quando ele começa a ficar confiante e mais seguro, eu fico muuuito lerda aos olhos dos donos do tempo. Voce já reparou que no transito todos aqueles que andam mais devagar do que voce são uns abobados, manetas e que todos aqueles que passam voando por cima do seu carro são uns assassinos e boçais? Pois é....assim como a velocidade, o tempo é relativo. Pelo menos até o próximo sinal vermelho, ou o próximo cavalo enlouquecido no partidouro, disparando ou quebrado pela imprudencia dos acelerados descerebrados.


A maior dificuldade que encontro, é que não posso mostrar o mesmo animal em duas situações diferentes, com pressa e sem pressa. Sendo que na minha experiencia, via de regra, com pressa = demorado, sem pressa = rápido.


Quanto absurdo já vi acontecer com cavalos sob o pretexto da falta de tempo. Quanto tempo e quanto cavalo bom já se perdeu e seguirá se perdendo com isso. Mas como tempo é relativo, e a memória, fraca, quem aprende? A pressa é burra!


Lembram da Dudosa? Potra traumatizada que passou um ano sem estrear porque enlouqueceu no partidouro? Estivemos uns poucos meses trabalhando juntas. Olhando agora para trás, o tempo voou, mas lembro que naquela época de incerteza, que as coisas pareciam lentas. Para mim, levou o tempo necessário, o tempo dela, para outros (principalmente aqueles sentados olhando eu trabalhar) pareceu uma eternidade.


Pois é. Não há mais tempo para a Dudosa. Ela não poderá mais voar. Morreu em Maroñas, Uruguai neste domingo.


Fica em paz Dudosa. Toma teu tempo.
Não há mais ninguém com pressa ao teu redor...
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