segunda-feira, novembro 21, 2005

Motoristas...bah


A minha maluca foi embora, com a sua bebê.
Foi galopar nos campos de seu proprietário em Dom Pedrito.
Putzgrila, deu trabalho.
Certamente foi o bicho mais difícil que eu peguei até hoje, imaginem 40 dias só prá tocar nela! Certamente me ensinou muita coisa.
Quando foi marcada a viagem, passei a acordar no meio da noite pensando nos problemas que poderiam acontecer no embarque, como evitar os acidentes, como deixá-la calma e a potra também...
Planejei tudo da melhor maneira possível. Sem nenhum improviso (cavalos não se dão bem com surpresas).
Meu tratador vai acompanhando. Muita calma nesta hora. Laços de confiança bem estreitos e firmes....
Beleza.
Tudo certo até chegar os motoristas do caminhão. Aí é que começa.
Chegaram com 3 horas de atraso, com 3 cavalos carregados. Queriam que eu a colocasse num cubículo, junto com a potra. Bueno, junto o pingo de paciência que me resta e explico que a égua é muito especial, precisa de espaço, pode ficar perigoso para elas e para nós, não vale a pena tentar para não dar certo e depois termos um problema, fiz um relatório super assustador, para que criassem um respeito maior .
Aí, o motorista (O MOTORISTA!) me explicou como ela ficaria bem, que ia dar certo, que não tinha problema nenhum. PRÁ MIM!!!!!!!!! Que estou há 4 meses trabalhando um animal que chegou porque ninguém conseguia lidar! Santa ignorância Batman.
Às vezes tenho vontade de ser como ela, chutar tudo pela frente, dar um par de coices em cada um e correr pro meio do pasto!
Eles disseram que iam desembarcar primeiro em Bagé, e depois em D. Pedrito. Respondi que o combinado era que ela fosse a última a embarcar e a primeira a desembarcar. Ok, concordaram .
Vamos embarcar a égua no salão.
Ao chegarmos na rampa, senti o motorista e os dois ajudantes deles estufarem, como preparados para uma guerra, foram indo para trás de nós, prontos para o duelo. Prontos para forçar a besta violenta e sua filha do inferno para dentro do caminhão, a qualquer custo, afinal é nosso trabalho, carregar, viajar e desembarcar (não importa o que, nem de que jeito)! Foi incrível...até eu me assustei com o clima , parecia que ia fechar o tempo, isso que ela não tinha feito nada! Eu sei que se alguém desse um passo errado no momento que ela ficou na frente da rampa, tudo iria complicar. Uma agitação, um empurrão, um grito, uma batida e meu embarque ficaria agitadíssimo. Me liguei e falei prá todos, ninguém aperta! Fiquem todos longe! (Junto! Senta! Morto!)
O resultado?
Minha maluca olhou a rampa, cherou, olhou prá dentro, onde estava o Bentites, avaliou a situação e o que estávamos pedindo para ela....
e entrou, super dona da parada. Orgulho supremo da própria mãe dela, eu.
Fecha tampa e vão embora.
Fico de tratadora no Gallop por dois dias, mas é uma outra história que depois eu conto.
Na volta tive que ouvir o comentário do motorista para o meu tratador....
"Nossa, mas tua patroa é muito fresca mesmo....a égua é mansinha prá caramba!"
Tenho certeza que o Benites deve ter sorrido e pensado ....nossa mas são burros mesmo...ou então mostrou para eles o a marca que ele tem na perna de um coice que a mansinha deu nele, só porque não entendeu o que ele queria.

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