terça-feira, abril 14, 2009

Patrão sofre...

Ai ai ai...lá vou eu de novo à cata de gente prá trabalhar comigo.
Que saco, como é difícil! Acho que nos últimos dois anos passou por aqui uns 30 caras.
Quando o homem era bom, a mulher era jararaca, quando a mulher era boa, o cara era ruim. Teve gente séria mas preguiçosa, gente trabalhadora mas louca, gente certa mas sem-vergonha, gente certa, trabalhadora, honesta e boa com cavalos...ops , não, isso foi um sonho que eu tive ontem.
Bah, tem histórias e histórias prá contar sobre essa saga. Mas é um preço que a gente tem que pagar por amar o que faz, ou fazer o que ama.
O problema não é tipos não saberem nada de cavalo...eu até prefro, pq posso ensinar do jeito que eu quero. O problema é que o brasileiro (pelo menos o que vem pedir emprego aqui) não tem ambição prá nada. O negócio deles é trabalhar de dia prá comer de noite. E ai qualquer coisa que tu cobres a mais, aquele esforço, aquele capricho fica pesado. Tá tudo com prazo de validade, cansa logo, não dá nem tempo prá gente se apegar ao tipo.
Tão achando que é exagero meu?
Vou exemplar proces algumas situações, com nomes fictícios...é cráro, vá que algum deles saiba acoierá as tecra no Topless. Toples, sabe? aquela coisinha que da prá falar na Ester Neide...
Sr. João Smith - roupa de pinguço, cara de pinguço, bafo de pinguço...
Veio pedir para trabalhar, mas o que ele sabe fazer mesmo é tocar na noite... Aproveitei a deixa e tasquei-lhe a pergunta:
" E o trago? Gosta? Porque quem trabalha na noite gosta..."
Resposta:
"Não...até que não sabe? Só às vezes de manhã quando tá meio frio....ou calor....Ah! e depois do almoço... antes da séstia - olha prá baixo, remexe no chão com o pé - e de noite né? Porque também...ninguem é de ferro né?"
Ah tá....
Sr. Uéslei Joahnelson - Negão dos óio verde...trabalhador como só ele! Bicho do mato...prá trabalhar era um avião, folga para ele era quando chovia, aí prá descansar iar arrumar alguma coisinha na oficina. Um sonho né? Pois é.A muié dele, a Janicleidirene, uma praga, bonitona...5 fia muié....que trabalhavam mais que ela. A tipa andava enfeitada no meio do mato como se estivesse no shoping mais chique de São Paulo. Ele era escravo da beleza da nega...uma vez me falou:
- as nega daqui são muito diferente...os cabelo delas...
- o que seu Uéslei, como assim?
- ah elas tem o cabelo muito "desdeixado"...
Tudo tava indo manimeni...mas eu sentia que não ia durar...muito pacífico o ambiente para ela, sem gramur.
Percebi que a coisa tinha acabado quando ela colocou um percingue na sobrancelha ...
No outro dia eles estavam indo embora...
Mais um, prá encerrar...
Sr. Ronilosvaldo, uns 45 anos
Esse ´só durou até a terceira pergunta da entrevista.
- Sou faz tudo de mão cheia! Sei arrumar cerca, plantar, serviço de elétrica, trabalho com trator, mexo com gado, cavalos, sei fazer serviço de pedreiro, chapeação e pintura, cirurgia intracraniâna, artroscopia, mapa astral, caço tigres e sei navegar só com a orientação das estrelas.
Minha terceira pergunta:
Qual seu último emprego?
Resposta: Nunca tive patrão, EU SOU MEU PATRÃO!
Se tem uma coisa que eu não suporto é alguém me dando ordens...
Tu só tem que combinar (COMBINAR!) comigo o que vou fazer...depois me deixar em paz...sem ficar enchendo o saco...
É....como diz minha mãe:
"É melhor ouvir isso que ser surda..."

sexta-feira, abril 10, 2009

Vencendo o medo

Ai um vídeo nosso prá exempar o que falei antes. É um potro em doma. Reparem como Chico cavaleiro tá tranquilão ai...só propôs a tarefa. Fica esperando o seu parceiro resolver o problema. Dar uma volta e fugir ele não deixa, é coisa prá covardes, mas prá frente é o potro que decide quando estará pronto. Acho muito lindo esse vídeo, toda a luta interna do potro prá vencer seu medo... a suavidade do cavaleiro....o trabalho bem feito...a natureza...os pássaros....o céu azul....o verde da mata....zzzzzzzzzzzz....ronc.....zzzzzzzzz

A muié responde

PREGUNTA PRÁ MUIÉ

Estava treinando minha potra em uma pista fechada e coberta, em um dia ensolarado! Em um dos cantos da pista o sol entra nesse horário do dia!! Qdo derrepente um passarinho passou pela frente dela nesse canto ensolarado, que fica perto do espelho da pista!! Resumindo,, ela não tem problema com o espelho, mas o susto com o passarinho foi tamanho que depois ficou dificil levá-la do tal canto novamente!! Depois do epsodio ainda não montei nela, mas se ela refugar o canto de novo o que devo fazer?? Obrigada bjo

RESPOSTA DA MUIÉ

Oi. Vou te dar umas pistas de como eu faria. Primeiramente voce deve sempre tentar resolver o problema na hora que acontece, tentar acabar o dia sentindo que ela ficou menos assustada com o que acontecei. Não deixar ela ir para casa (baia) com aquilo na cabeça, tenho certeza que tu já foi dormir com um problema...e não é nada bom né? Pois é, prá cavalos também não!
Talvez até descer dela lá onde se assustou, afrouxar a sela e ficar um pouco por lá sem fazer nada...passando o máximo de confiança possível.
Existe uma idéia que a gente tem que fazer muita coisa quando um cavalo está assustado. Pelo contrário! Tem que fazer nada não! Tem que estar ali, apoiando, incentivando, que tem que fazer as coisas são eles.
Para os dias seguintes, não espere poder passar por ali trabalhando sua potra tecnicamente ao galope, ao trote, voces tem coisas para resolver naquele canto que não incluem trabalhos de flexionamento por exemplo. O trabalho de voce naquele local é resolver o medo, o susto. e isso se resolve ao passo, avançando indiretamente e gradativamente de rédeas muito soltas. Se voce ficar insegura de fazer isso montada, não há problema em fazer inicialmente no cabresto. Não tenha pressa! Não faça daquilo um grande problema! Deixa ela se administrar, deixa ela parar e olhar, de rédeas soltas a uma distancia que se sinta segura. Quando ela se lamber e diminuir a energia "fugitiva", é momento para convidá-la a se aproximar mais um pouco. Ela tem que ter a iniciativa de passar por ali, e vai querer passar!
Se voce fizer certo, ela sentirá necessidade de investigar novamente o local, porque tudo o que um cavalo não quer é ficar tomando susto à toa, como um bobo. Cavalos sentem necessidade de investigar coisas que assustam, para não fugir de algo desnecessariamente e assim gastar gasolina e ficar com o tanque vazio e não poder fugir quando o leão atacar. Faz sentido prá ti?

quarta-feira, abril 08, 2009

Ainda sobre Jack


Bah vão me desculpar, mas eu não tenho paciência com burrice!
Não sei e não quero nem saber se pode ou não pode colocar essas fotos..mas vou colocar. Porque ilustram muito bem o que falei no texto anterior. Lembram? Jack o estripador....John Lennon? Pois é...aí estão alguns aprendizes do Jack.

É dose prá leão! É curso sim! Curso Horsemansheep Racional Adaptado Tabajara Microondas Nuclear Solar Five Stars
"E funciona"...

Claro que funciona, afinal, cavalos aceitam muito desaforo! São muito burros também....acho que se fossem menos generosos e matassem ou machucassem mais pessoas, principamente os gênios que fazem essas arapucas, as pessoas teriam que aprender mais e respeitar mais. Mas não....os abobados aguentam tanta barbárie e ainda no final resultam "domados" , que os superdotados treinadores Horsemanpicchips Helmans Tabajara se acham bons e arranjam patéia e seguidores....





Aqui já com uma técnica mais aprimorada....com as patas amarradas nos moirões da cerca. Método extremamente seguro tanto para cavalo como para cavaleiro...sem falar do conforto e tranquiidade que isso passa para o anemar cavalar
Nesta foto, a pessoa segurando o cabo preso à pata do quadrúpede irracional está realizando uma demonstração claríssima do princípio básico da técnica utiizada: "cavalos podem ser mais inteligentes que nós...mas nós somos mais fortes...he he he".

Ai que rééééiva que me dá! Putzgrila!

Ai que vergonha do compadre....








domingo, abril 05, 2009

Dando nome aos bois

É muito comum perguntarem prá mim se o que eu faço é "doma racional" ou...é aquela coisa do Monty Roberts...ou ainda, "Sei! eu vi o filme "O Encantador de Cavalos". E eu sempre me atrapalho para dar a resposta.
Hoje em dia está surgindo uma enxurrada de gente que pratica e ensina o "horsemanship". É uma coisa impressionante a velocidade que estão procriando...mais rápido que aliens. Quando eu comecei, as pessoas daqui não conheciam nem o termo, imagine ensinar a técnica. Eram tempos difíceis, eu sentia falta de referências, de gente para me ensinar, isso foi em meados da década passada (muié dinossaura)...

Aí de uma hora prá outra a coisa pegou, virou moda. Acredito que o que fez isso acontecer foi a paixão que o cavalo desperta nas pessoas, imagina então saber que existe uma maneira de aprender se comunicar na linguagem deles!! Bah! é tudo o que quem gosta de cavalos sonhou a vida inteira! Conversar com cavalos.

Pois é...beleza. O problema que há os que conversam, os que trocam idéias mas há também gritam ordens, os que xingam e até os que humilham, mas tudo isso tem levado o mesmo nome...aí é brabo né?

É isso o que me incomoda. Uma palavra não define o que tanta gente faz de tantas formas diferentes. Vou tentar explicar melhor. Tanto John Lennon como Jack, o estripador eram britânicos, falavam ingles....mas com quem seria melhor conversar?


sexta-feira, abril 03, 2009

FALANDO SÉRIO...


COMUNICAÇÃO : um avenida de duas mãos

Em qualquer atividade eqüestre, sobretudo em rédeas e adestramento, por seu nível de exigência, de precisão, obediência e complexidade de execução, é fundamental uma comunicação efetiva e correta entre o cavalo e seu cavaleiro. Porém essa comunicação se vê limitada pelo enfoque humano do conceito, pois estamos acostumados a julgar o mundo de acordo com o nosso ponto de vista e, de fato, geralmente não se considera que o cavalo possa ter o seu próprio universo. Sua forma de pensar e de compreender os fenômenos do mundo exterior é muito diferente da maneira do homem, pois suas necessidades biológicas também o são.
Isto faz com que falemos idiomas distintos e que a comunicação entre os dois seja muito difícil, a tal ponto que quando nós nos comunicamos com o cavalo, o que fazemos na realidade é somente lhe ditar ordens que confundimos com diálogo. A maioria das vezes o animal nem sequer as entende. Depois de muito trabalho, apesar de nossa incapacidade de nos fazermos compreender, depois de centenas de repetições e de outras tantas horas de trabalho, ele consegue associar. Tudo isso como “adivinhando”. E relaciona suas ações com os estímulos que recebe geralmente nada gentis.
É então que o consideramos tê-lo adestrado. Com muita freqüência acreditamos que estamos nos comunicando com o cavalo, quando geralmente o que fazemos é atrofiar sua habilidade para avaliar estímulos contraditórios e assim anular sua capacidade de tomar decisões.
Não obstante, a comunicação em “seu próprio idioma” é altamente eficiente e sua capacidade de compreender o que se pede a ele somente tem comparação com a vontade que empenha em satisfazer-nos.
É surpreendente que não se necessite mais de três repetições – menos de cinco minutos para que se torne clara nossa solicitação e se inicie o processo de execução, que neste caso será eficiente, decidida, oportuna e precisa, em poucas palavras, do mais alto rendimento.
Para mim, não existe nenhuma contradição. A diferença se faz no ponto de vista do observador, que julga de acordo com o resultado de sua tarefa.
Freqüentemente nossos sinais não são específicos, resultam pouco claros ou ainda, contraditórios. De fato, a natureza equina – substancialmente diferente à nossa – que levamos entre nossas pernas, é uma máquina altamente eficiente de perceber estímulos do meio, tanto que nossa propria receptividade se torna muito pequena e não somos conscientes dos inúmeros sinais que emitimos involuntariamente e que têm que ser ignorados pelo cavalo por carecer de significado.
É demasiado pedir a nossos cavalos que, além de manterem-se obedientes a sinais julgados antropocentricamente, ignorem não só os que recebem além de nossas ações, senão também os que realizamos sem ter a intenção de faze-lo. Estes sinais falsos confundem o animal até que ele aprenda a ignorá-los. Na realidade é um processo de insensibilização involuntário que faz indolente ou distraído o cavalo, que depois ignora também os sinais que tem um propósito específico.
Com essa má comunicação tendemos, como muitas outras coisas que ocorrem sem que nos demos conta, a reduzir o enorme acervo de sensações que o cavalo tem à sua disposição de maneira natural.
É um grande desperdício e portanto um erro, não aproveitar essa grande capacidade de captura de sinais, simplesmente porque não sabemos mais sobre a natureza do cavalo, de suas capacidades receptivas e suas limitações de abstração, porque não sabemos de que maneira o cavalo aprende e retém as informações, porque não sabemos que não é necessário mais que tres repetições para que um cavalo entenda completamente um exercício.
Poucos ginetes têm completamente clara a importância de não dizer nada quando se trata da comunicação com o cavalo, pois para este,, o melhor sinal é receber nenhum, pois significa que fez o correto.
Antes dos afagos, carícias ou cenouras, massagens e ótima alimentação, o cancelamento de um estímulo, é a primeira e mais importante manifestação do reforço positivo e é a melhor mensagem que podemos dar à nossa montaria quando esta executou a tarefa de forma acertada.
A execução correta e o melhor esforço do cavalo em seu desempenho – que finalmente distingue ganhadores de perdedores - , estarão regidas pela busca da suspensão das ordens. A vontade que o animal emprega, entendida não só como a ausência de resistências ou manifestações indesejáveis, mas também como o esforço extra para saltar mais alto, correr mais rápido ou executar com mais precisão uma manobra determinada, estará em função direta da clareza que ele tem de que depois do cumprimento correto, encontrará sua recompense, que é o cancelamento do uso das ajudas, rédeas ou a tensão corporal, que é precisamente: não dizer nada.
Costumo dizer que para um treinador medíocre, o cavalo sempre está devendo para ele, que o cobra sempre cada vez mais em treinamentos fatigantes, monótonos, com infinitas repetições sem sentido para o cavalo, pois o spin, o salto ou o tempo atingido na raia em uma corrida sempre deveriam estar melhores. Esse exagero só pode resultar na diminuição da qualidade da execução da tarefa solicitada, seja por fadiga, dor ou confusão ( ou o que é mais freqüente, um somatório de tudo isso).
Já o treinador consciente, nem sempre o mais habilidoso, porém aquele mais sensível e conhecedor os limites e potencialidades do seu cavalo, contenta-se com muito menos, cessando o exercício ao menor vislumbre de que sua montada entendeu e emprenhou-se. Esse sabe que para conquistara uma performance ideal, é necessário um cavalo não apenas afinado técnicamente, mas também equilibrado físicamente e moralmente.
Muitas vezes entristeço ao ver treinamentos nas mais diversas modalidades indo na contramão do que é certo, saudável e produtivo para o cavalo. Treinamentos abusivos, extenuantes, aborrecidos e executados muito mais em função de inseguranças psicológicas do treinador em véspera de competições. Esforços exagerados que só fazem com que o cavalo execute cada vez com menos qualidade suas figures, levando o treinador, que julga como na maioria das vezes, que o erro é do animal, a repetir mais e mais, produzindo um círculo vícioso extremamente nocivo à vida atlética deste animal. Sim, saem vencedores mesmo com esse tipo de treinamento , mas é fruto da generosidade equine, apesar do treinador, e não por causa dele! E isso tem um preço, que sera cobrado logo ali na esquina, pela diminuição da performance e da vida atlética de um cavalo.
Está mais do que na hora dos treinadores aprenderem a se comunicar de forma eficiente, para o bem dos cavalos e a evolução dos esportes equestres no Brasil.



Inspirado em texto de Chico Ramirez, El señor de los caballos
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