segunda-feira, agosto 09, 2010

CAVALO BURRO

Que réééiva que me dá!

Ontem chegou aqui um cavalo que eu tinha domado há uns 3 anos... para embonitar e vender.

Sujeito bacana, da paz, concentrado e delicado, apesar dos seus quase 1,70m...bonito e gentil.
Pois é! ERA tudo isso...era! No lugar dele chegou um cavalo que pouco lembra aquele que eu conheci .
De tudo que eu me lembro dele, hoje só ficou a mansidão.
Cacete como as pessoas se contentam com pouco de um cavalo. Ainda não tenho certeza se isso acontece só por desconhecimento ou também por preguiça, comodismo...

Ele é um cavalo que aceita tudo, se deixa selar, não dá coice, não derruba ninguém e só. Mas prá mim é quase como se tivessem feito uma lobotomia nele. Uma jamanta que não presta atenção nas pessoas...enquanto puder ficar pastando, podem fazer o que quizerem que ele nem tá ai...

Pois é! Esse "nem te ligo" dele é que me mata. Emburreceu o pobre! Indiferente, descuidado, parece que está de headfones escutando Heavy Metal no último volume.

Não sei se fiquei mais triste por ele ou pelos humanos que giram ao redor dele, por não saberem do quanto ele é capaz!

Sou carente demais prá aceitar tanta indiferença de um parceiro, mesmo ou principalmente de um cavalo! No mínimo pq meia tonelada perto de mim...quero que seja muito cuidadoso, que me veja e cuide de mim. Não quero ter que desviar dele todo o tempo, para não tomar uma cabeçada ou um pisão no pé. Cruzes que perigo, que trabalheira! Sem contar que não tenho cavalos burros nem estúpidos! Tenho parceiros, envolvidos até o último fio de crina nas tarefas e comigo, seja prá trabalhar ou se divertir (o que na maioria das vezes é a mesma coisa prá nós).

São mãos e mãos que passaram por esse cavalo, e muitos outros, que usaram ele como uma coisa.. Não que não o amassem, que não cuidassem dele. A intenção era boa, mas a ignorancia é grande, o desconhecimento do que é realmente um cavalo é grande também. Ah se soubessem do quanto mais esse cavalo é capaz de dar, quanto desperdício! Uma vida toda de um cavalo desperdiçada, ele usado prá bonito e uma ou outra cavalgada...e o pobre continua ali, sozinho, sendo tratado como um cavalo-coisa.

Cavalo meia-boca:
Não morde,não dá coice deixa colocar o buçal e o material para montar, não dispara, não derruba e é bonito. Bonus se relinchar quando te ver chegando com a sacolinha de cenoura...


Cavalo de verdade:

É teu parceiro de verdade, se preocupa contigo, te cuida, te enxerga e te ouve, fala também...tem aquela cara de "o que vamos fazer agora hein? HEIN?!?", te surpreende a cada momento sabendo o que tu vai pedir antes mesmo de tu agir...gosta de mais coisas do que baixar a cabeça para pastar ou de uma cenoura toda a hora, não pensa só em fugir ou comer... e é lindo.




Só me resta de consolo que ele se lembra de mim e em poucas conversas que teremos por esses dias logo logo ele volta a ser um cavalo de verdade. Mas é triste pensar que ele depois de ficar por aqui um tempo, talvez volte ao seu estado autista novamente. TRISTE MESMO. Resta torcer para que ele seja comprado por gente mais cavalo.

Um comentário:

Flávia disse...

Quando leio teus escritos, quanto te vejo trabalhando, me dou conta que naqueles curtos anos q passei montando e convivendo com cavalos diariamente, nao aprendi coisa alguma sobre eles. Se pudesse voltar no tempo, faria todos os cursos e leria todos os livros, teria um outro olhar sobre esses animais espetaculares q desde sempre me encantaram.
Andar a cavalo sem entende-los eh como viajar pelo mundo sem saber onde se esta, sem conhecer a historia do lugar, eh manter os olhos na estrada sem jamais curtir a paisagem. Muito admirei os cavalos "burros", pq era so o q eu podia alcancar.

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