segunda-feira, março 30, 2009
Casa cheia
Meu trabalho inicial, se é que dá para chamar algo tão prazeroso de trabalho, é colocá-los confortáveis em um bom piquete, com sombra água fresca e boa comida, e ficar observando, observando, observando…
Observando cada atitude, cada indivíduo, cada movimento. Quem é inseguro, curioso, irritado, calmo, etc. Deixando que eles comecem a me dar uma idéia de qual será a melhor maneira de trabalhar com cada um. Afinal,são eles que escolhem qual caminho que vamos seguir, eu só sei onde quero chegar.
Observando esse grupo não pude deixar de sentir uma inveja da espécie deles. Como ela é mais evoluída que a nossa. Hmmm…isso deve ter feito algumas pessoas se retorcerem na cadeira…calma! já explico! Cavalos são muito mais bem sucedidos em se comunicar que nós. Vejam como esse grupo trabalhou de forma unânime e harmônica numa situação tão caótica como a que se apresentou para eles nesse momento. Só prá dar uma idéia do tamanho da façanha, imaginem voces, vivendo todos os anos da sua existência num lugar muito tranquilo, com seus parentes e amigos, sem nenhuma grande novidade, exceto 3 ou 4 ocasiões desagradáveis (infelizmente prá nós,todas elas vinculadas à presença humana) como marcação a ferro quente e castração. De repente são colocados à força em um grande baú, barulhento, que se movimenta e se sacode o tempo inteiro durante 8 horas, e depois saírem de lá para um lugar que nunca viram antes, sem saber nada de nada!
Pois é! Isso aconteceu com esses cavalos, e assim que eles chegaram, já estavam trabalhando juntos, como que numa linda coreografia, com a absoluta convicção de que a força está no grupo e no objetivo comum, que no caso deles é sobreviver. Trabalhando para saber o máximo possível sobre a nova situação, contando e confiando somente uns com os outros.
Agora, apenas para reforçar minha opinião sobre a superioridade equina no quesito comunicação, gostaria que voces lembrassem da sua última reunião de negócios, trabalho, do time, da diretoria,da federação, do grupo de estudos, de viagens ….foi tão simples assim?
quarta-feira, março 25, 2009
Que delícia de UTUBIS
Hi,Here is the link to the Tap files that are on the flash drive people are buying. You don't have to pay because you did a lovely gentle job and thats the message I hoping to send out..
terça-feira, março 24, 2009
Fogueira das Vaidades
segunda-feira, março 23, 2009
Missão cumprida...por enquanto
sexta-feira, março 20, 2009
Curso Denise Bicca Horsemanship
quarta-feira, março 18, 2009
Só me faltava essa....
Eu tô trabalhando com um cavalo novo. É um garanhão tobiano, cruza de pitbull com tubarão martelo. Lindo como ele só,e ordinário também. Se acha grandão pra caramba, tem que ver o olhar de desdém que ele dá prá gente...posso jurar que ele mede a gente de cima a baixo....chega a dar vontade de ir trocar de roupa. Seilá entende, colocar uma coisinha mais xique sabe, prá combinar melhor com ele. Mas o pior não é o olhar dele....é a boca mesmo. Só vendo, chega a tremer os beiços, puro desejo de arrancar aguma carninha de algum lugar. Hannibal ia sentir orgulho, aliás seria o cavalo perfeito prá ele.
Ele morde até o ar, imagina. Na verdade ele está aqui em casa para nós resolvermos isso, esse vício infame que o coitadinho possui. Estamos trabalhando com psicoterapia cognitiva positivista horsemanshipiana. Estou entusiasmada com os resultados. Mas na hora da sessão é de matar a muié véia aqui de tanto que corre, faz correr e desvia da bocarra do javali colorido. Não tem aula de aeróbica que se compare, o bicho é poderoso vitaminado.
Bem....depois da sessão de hoje, umas 2hs de correria, trancos, dentes, poeira e suor. Pego a paciente seguinte, Ventania. Lembram?
Pois é....ai como ela tá ficando mocinha, afroxei meu lombo. Aproveitei prá relaxar fiquei segurando para que o Dublê fosse pegando as patas dela, que já estão bem mais submissas. Se não fosse uns guinchinhos de vez em quando, diria que está praticamente resovida a parada. Depois de trabalhar com aquele dragão de Komodo em forma de cavalo tobiano, eu tenho a sensação que poderia pegar a Ventania no colo, tão fácil que é!
Mas aí é que me caiu os butíá do bollso....tô eu segurando a tipinha e recarregando minhas reservas de adrenalina, naquele torpor clássico pós esgotamento físico/mental, quando derrepente a bicha sem pedir permissão coloca pelo menos 3 dedos da minha mão direita prá dentro da boca dela!!!
Agora eu acho até graça....e não é que é mesmo?
sexta-feira, março 13, 2009
Laying down horses
Dia 7 - Finalmente paz
DIA 7 (eu acho)
Novo dia de trabalho, agora com Gafanhoto retomando seu posto. Ele começou trabalhando. Quando foi pegar nas patas da égua percebi que ele estava com um pouco de receio. Bem sensato da parte dele, como diria o filósofo americano, Murphy..."quem tem, tem medo". Depois das poucas e boas que a bicha aprontou prá ele, senti que ele não estava pronto para tal exercício. Voltamos atrás. Não é problema ter medo, o problema é não se preparar bem para fazer as coisas sem medo. Senão a coisa desanda. Eu mesma estou sempre com medo e acredito que é exatamente isso que faz com que eu me identifique tanto com cavalos.
Quando foi a hora, meu super Gafa fez coisas até bem mais difíceis de fazer do que a que ele tinha medo de fazer no início do trabalho, e nem percebeu...com uma segurança de fazer inveja até ao próprio Conan.
Não acredidam? Olha ai ...
segunda-feira, março 09, 2009
Chega de não me toques
DA VENTANIA
DIA 6
Êita muiézinha dura de roer...affe que achei uma mais teimosa que eu...tive que dar a pata a torcer, ou melhor, erguer.
DESISTO. TÁ! QUER PEGAR MINHAS PATAS PEGA! NUMA BOA! Já vi que tu não vai fazer nada de mais com elas mesmo.
domingo, março 08, 2009
Insônia e Redenção
DIA 5
Nossa que noite! Uma insônia da braba. É sempre assim, quando as coisas não saem como eu gostaria com um cavalo que estou trabalhando. O monstro Idéiafix Tiranossauro Rex vem me assobrar a noite inteira! A cabeça não para, é horrível… passo a noite inteira trabalhando. Pergunta e mais pergunta. Que sofrimento. A noite seguiu mais ou menos assim:
21pm, no sofá:“Porque será que a potra está tão irritada? Porque ela não aceita o meu manejo?
23pm, na cama: Será que é justo já desistir, julgar e condenar a dita cuja? Cadê minha fé nos cavalos? Cadê minha fé no real horsemanship e na comunicação?
3.00, am no sofá com uma coca zero sem gás e bolachinhas cream-craquer molengas velhas: O que será que está me atrapalhando? Impedindo de me comunicar melhor com a Ventania? 4.30pm na cama: O que devo fazer amanhã?
6.00pm, pendurada em um galho da Figueira: “O lastro da bujiganga-mor está se rompendo capitão! Nosso tempo está esgotando! Dr. Spock está a caminho…Os limites Espaço Tempo sem os pivões vão nos absorver…May Day! May Day!! Entrerprise responda! Cuidado! Estamos sendo atacados pelos Pandas Klingon gigantes!!!!! Vick Vaporub o ar, o ar!
Aí eu acordei….
8:00pm Peguei tudo o que se passou na minha cabeça, organizei e decidi. E logo que decidi, me acalmei e tudo ficou mais claro!
Putz que é brabo a gente assumir responsabilidades, dói quebrar a cabeça! A dúvida é uma Seria muuuuito mais fácil julgar e se livrar do problema…"É, a potra não serve mesmo….é “mesquinha” das patas. Melhor comprar outro. O problema é ela. Nós estamos fazendo tudo certinho beleza pura. Mas não é assim! Se eu quero trabalhar com cavalos,o problema é meu! Não deles. Afinal talvez eles, se pudessem escolher, talvez não estivessem num redondel fechado com uma muié falante e um piá grandão tentando agarrar as patas deles assim no mais.
9pm Chegaram Gafanhoto, Mamãe Gafanhoto, Papai Gafanhoto e Ventania. Falei prá turma: "Seguinte! Vou trabalhar com a potra e vamos voltar prá trás!. Se não está dando certo, é porque eu não li ela direito e ainda não estamos nos entendendo. Estou convicta que ela precisa de mais competência da minha parte. Se ela não está pronta prá me dar a mão, que eu seja mais convincente. Se eu tenho pressa, tenho que andar devagar!"
PRONTO! Levou um tempão e muito esforço de nós duas, mas chegamos lá. Primeiro em liberdade, até retomarmos os laços de uma conjunção ou join-up, se preferirem. Passamos a formar uma dupla. Depois alguns exercícios com cordas e saco, perfeito! O trabalho foi sensacional! Desencanamos. Saímos da pressão. E nada mais gostoso que depois de uma noite mal dormida, um dia de bom trabalho. Não que ela não tenha me tirado o couro prá eu convencê-la de que mereço ser sua líder! Foram três horas de conversa! Mas, como eu não tinha pressa, o tempo voou. E nada melhor do que uma noite de insônia, uma manhã de dedicação para uma tarde de descanso.
Hoje não tentaram pegar minha pata. Foi só a muié comigo. Sei-lá nãos sei se foi algo que ela disse ou fez, ou deixou de fazer, ou quem sabe até a cara cansada dela (olheiras enormes!),que me convenceu a ficar na minha e deixá-la tocar o barco. Foi um tempão prá ela se explicar, mas acho que é a minha melhor escolha...ficar nas mãos delas por enquanto,...e com restrições!.
segunda-feira, março 02, 2009
Ventania tendo fricotes
Relatório de um dia dos quintos!
DIA 4
Que guerra. A bicha continua cheia de frescura. Quando o Gafanhoto foi pegar sua pata, novamente ficou agressiva. Muito chato da parte dela. Fui ter uma conversa cara a cara, mais pressão, mais bronca, mais trabalho...ví vou pegar a pata ...e ela fez a mesma coisa. Aí me caiu os butiá do bolso.
Trabalhei mais um pouco e chamei o Rogério (doravante chamado Dublê), meu funcionário, que tem mais experiência que meu pupilo, para as de cenas mais violentas. Foi muito tempo de trabalho.
A coisa tá mais ou menos assim....pega 47 vezes a pata, sem problemas, na vez 48, guinchos e ameaças de coice. Santa frescura Batman! Mas deu.
Azeda azeda prá caramba. Me deixou com a cabeça a milhão. Porque ? Porque? PORQUEEEEE?
O que eu estou fazendo de errado? O que está me passando desapercebido? Pq ela não reage a cordas, Bandeira Dessensibilizante Gallopaytor Tabajara e tudo mais, e reage quando tentamos passar a mão?
Eu sei que tem uma razão prá essa resistência, só não estou conseguindo enxergar.
Well... da maneira que está , não é um bicho que sirva pro meu querido aprendiz aprender. Ela precisa de mãos um pouco mais experientes.
Depois do trabalho, conversei sobre os trabalhos com mamãe Gafanhoto e papai Gafanhoto. Diga-se de passagem, é muito estimulante trabalhar com gente que tem cérebro na cabeça! Mamis Gafa falou: desencana , se não serve, trocamos por um que sirva. O importante é ele ficar bem e aprender legal.
Beleza. De tarde pedi pro Dublê passar a mão nela novamente enquanto eu assistia...mesma frescurite, guinchinhos e ameaças, mas pegou a mão. Só que não senti absolutamente nenhuma firmeza da parte dela. Não dá prá confiar...e eu NÃO trabalho assim....sem confiar! Acabei o dia trocando orelha prá caramba...alguma coisa não tá certa...
VENTANIA
Dia 4
Mas credo que gente chata! Abusada! Me larguem de mão ...ou melhor , larguem da minha mão...ou melhor,
TIRA A MÃO DAI!!!!!!!!
Não dá prá ver que não tô pronta? Foi muita coisa muito rápido...tem as minha memórias também, o que eu passei já nesta vida, e que não vou contar! Se quiserem vão descobrir! Vão merecer pegar a minha mão. É isso ai, não me entrego pra qualquer um! Tem que provar que merecem.
Tô pregada! Passaram a manhã toda me furungando e de tarde vieram de agradinho ...comigo não violão! Não sou dessas que se derrete por qualquer coisinha!
Vou dormir que tô de mau humor...que saudades da minha mãe...
Pelo menos a cama é bem limpinha e a bóia no capricho...PELO MENOS ISSO!
DO GAFANHOTO
DIA 4
Colocação do buçal:
- a égua continua dando cabeçadas na minha mão para evitar que se coloque o buçal. Fora isso, sem incidentes, pois a égua não mordeu.
Cabresteamento:
- não houveram complicações, a égua respeitou meu espaço vital, não quiz passar por mim, não me atropelou, ou seja, foi um cabresteamento satisfatório.
Solta no redondel:
- ao ser solta, a égua não correu para longe de mim, simplesmente ficou parada, o que é muito bom, pois demonstrou que a sua atenção estava focada em mim. Porém ao sair do redondel, ela não me seguiu até a porteira.
Trabalho:
- hoje apareceu mais um integrante para o trio Muié, Ventania e Gafanhoto, ele é o "dublê", também conhecido como Rogério. Ele ´tá fazendo a parte de alto risco, como pegar as patas da Ventania, que foi novamente difícil pois ela aparenta ter algum tipo de trauma.
domingo, março 01, 2009
A saga continua - Diário de tres cabeção
DIA 3
Putz hoje foi casca !
Foi tudo beleza até a hora de pegar a pata dela. Aí a coisa enroscou.
Eu já tinha uma idéia de que poderia haver alguma reação negativa porque me contaram que já haviam tentado ferrá-la mas não conseguiram. Só que a reação foi mais ou menos como a que aconteçeu em Hiroshima depois daquele episódio com a bombinha… Assim que o Gafanhoto se inclinou para tocar na sua mão, a dita sampou-lhe um par de três coices que nos pegou de surpresa e fez o piá ir parar sem cima da árvore mais próxima! Ai o tempo fechou! Literalmente...começou a chover.
Peguei a bicha e fomos dançar, foi dureza, a muié tá ficando véia. Foi escorregão pra cá, patas prá lá, tropeça daqui (eu) , empurra de lá (ela) . Ficamos umas 2hs numa discussão de quem ia mover a garupa de quem e quem ia pegar a pata de quem. Ela tem bastante peito, mas posso dizer se é uma coisa que sobra em mim também é peito. Quando a situação se amenizou, fomos conquistar aquele terreno selvagem da potra. Isso significa, Gafanhoto dessensibilizando centímetro a centímetro toda a pata da égua. É incrível como o cavalo é pontual e milimétricamente específico onde se deixa tocar e onde não se deixa tocar e isso sempre está vinculado às experiências que ele passou, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Resumo do que foi feito para que o dia acabasse com o Gafa segurando a pata de uma potra muito tranquila
1. Pega pata
2. Toma coice
3. Muié dá uma bronca na bicha e coloca ela prá trabalhar
4. M reforça o controle dos movimentos da dita e garante que ela respeite o seu espaço vital
5. Gafa. entra em ação, trabalha prá tocar em toda sua pata
6. M sai de cena e passa só a berrar com G o que ele tem que fazer, corrigindo sua posição e suas atitudes
7. G levanta e larga ambas as mãos da potra infinitas vezes
8. G , M e potra fazem as pazes e vão almolçar acabados mas em paz
DIA 3
Mas que dia, criatura! Justo quando eu estava começando a me acostumar com a vidinha tranquila daqui...
Ok ...deixei minha pata na mão do piá. Só prá voces, leitores humanos entenderem o que isto significa para um cavalo: é mais ou menos como voces confiarem e se entregarem completamente, com uma venda nos olhos a um estranho que conhecem há apenas 2 dias e que fala um dialeto antigo norueguês que não faz nenhum sentido prá voces Dá pra sacar a dificuldade ? PLEEEEEASE????
É...foi isso que tive que fazer....!!!
O dia foi complicado, mas acabou razoável…porém com reservas.
DO GAFANHOTO
DIA 3
Colocação do buçal:
- Sem grandes novidades a égua dá cabeçadas na minha mão para impedir a colocação do buçal.
Cabestreamento
- não houve problemas, a égua não invadiu meu espaço, também não passou na minha frente nem tentou fugir
Solta no redondel:
- ficou, como sempre, mais atenta ao espaço do que em mim. Após ser solta foi pastar, deu sua corrida normal mas rapidamente voltou sua atenção para a comida.
Trabalho:
- fiz somente ela correr pelo redondel.
Porém hoje, ela estava um pouco mais agressiva, coiceou o ar, murchou as orelhas e a garupa dela estava sempre na minha direção. Reagindo a isto eu fiz com que ela corresse mais rápido e trocasse de mão com mais freqüencia.
Hoje a nossa intenção era de encilhar a égua,
Porém a minha querida mestra teve a idéia de me fazer pegar as patas anteriores da Ventania. Aí a égua enlouqueceu, virou a garupa em minha direção e tascou o coice. Eu até poderia dizer que foi o meu enorme reflexo, força e agilidade que me salvaram, mas não, foi puro medo e sorte.
Rapidamente a professora pegou a corda e fez ela dar ré girar para um lado, depois para outro, era a égua prá cá, corda aqui, professora ali. Quando a mestra terminou de ensinar para a égua que dar coice era errado, ela me chamou e disse: “vai e acaricia a pata dela”…Eu queria ter visto a minha cara de: “ela tem que estar brincando”…mas como ela não riu, eu fui né! Depois disto eu tive que me colar na barriga da égua atrás da cernelha, faze-la girar...... e então pegar a pata novamente e desta vez eu consegui.
- Durante a tarde eu acariciei e agradei a égua.