domingo, março 01, 2009

A saga continua - Diário de tres cabeção

DA MUIÉ
DIA 3
Putz hoje foi casca !
Foi tudo beleza até a hora de pegar a pata dela. Aí a coisa enroscou.
Eu já tinha uma idéia de que poderia haver alguma reação negativa porque me contaram que já haviam tentado ferrá-la mas não conseguiram. Só que a reação foi mais ou menos como a que aconteçeu em Hiroshima depois daquele episódio com a bombinha… Assim que o Gafanhoto se inclinou para tocar na sua mão, a dita sampou-lhe um par de três coices que nos pegou de surpresa e fez o piá ir parar sem cima da árvore mais próxima! Ai o tempo fechou! Literalmente...começou a chover.
Peguei a bicha e fomos dançar, foi dureza, a muié tá ficando véia. Foi escorregão pra cá, patas prá lá, tropeça daqui (eu) , empurra de lá (ela) . Ficamos umas 2hs numa discussão de quem ia mover a garupa de quem e quem ia pegar a pata de quem. Ela tem bastante peito, mas posso dizer se é uma coisa que sobra em mim também é peito. Quando a situação se amenizou, fomos conquistar aquele terreno selvagem da potra. Isso significa, Gafanhoto dessensibilizando centímetro a centímetro toda a pata da égua. É incrível como o cavalo é pontual e milimétricamente específico onde se deixa tocar e onde não se deixa tocar e isso sempre está vinculado às experiências que ele passou, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Resumo do que foi feito para que o dia acabasse com o Gafa segurando a pata de uma potra muito tranquila
1. Pega pata
2. Toma coice
3. Muié dá uma bronca na bicha e coloca ela prá trabalhar
4. M reforça o controle dos movimentos da dita e garante que ela respeite o seu espaço vital
5. Gafa. entra em ação, trabalha prá tocar em toda sua pata
6. M sai de cena e passa só a berrar com G o que ele tem que fazer, corrigindo sua posição e suas atitudes
7. G levanta e larga ambas as mãos da potra infinitas vezes
8. G , M e potra fazem as pazes e vão almolçar acabados mas em paz



DA VENTANIA
DIA 3
Mas que dia, criatura! Justo quando eu estava começando a me acostumar com a vidinha tranquila daqui...
...aquele piá e aquela muié resolvem pegar uma pata minha…ah não! Me esquentei! Capaz que vou dar meu braço a torcer, ou melhor, minha pata a levantar, assim no mais. Sampei-lhes uma advertência bem dada e afastei o guri de perto. O problema é que depois disso a coisa ficou fora do meu controle…a muié me colocou a girar prum lado e pro outro, foi dando ordens e mais ordens sem parar até eu ficar bem na minha. Depois de tudo isso, veio o piá e os dois começaram a massagear minha pata bem devagarinho…assim foram me convencendo. Assim, com agradinho quando eu ficava calma e trancos quando eu me azedava.


Ok ...deixei minha pata na mão do piá. Só prá voces, leitores humanos entenderem o que isto significa para um cavalo: é mais ou menos como voces confiarem e se entregarem completamente, com uma venda nos olhos a um estranho que conhecem há apenas 2 dias e que fala um dialeto antigo norueguês que não faz nenhum sentido prá voces Dá pra sacar a dificuldade ? PLEEEEEASE????

É...foi isso que tive que fazer....!!!

O dia foi complicado, mas acabou razoável…porém com reservas.


DO GAFANHOTO
DIA 3
Colocação do buçal:
- Sem grandes novidades a égua dá cabeçadas na minha mão para impedir a colocação do buçal.
Cabestreamento
- não houve problemas, a égua não invadiu meu espaço, também não passou na minha frente nem tentou fugir
Solta no redondel:
- ficou, como sempre, mais atenta ao espaço do que em mim. Após ser solta foi pastar, deu sua corrida normal mas rapidamente voltou sua atenção para a comida.
Trabalho:
- fiz somente ela correr pelo redondel.

Porém hoje, ela estava um pouco mais agressiva, coiceou o ar, murchou as orelhas e a garupa dela estava sempre na minha direção. Reagindo a isto eu fiz com que ela corresse mais rápido e trocasse de mão com mais freqüencia.


Hoje a nossa intenção era de encilhar a égua,

Porém a minha querida mestra teve a idéia de me fazer pegar as patas anteriores da Ventania. Aí a égua enlouqueceu, virou a garupa em minha direção e tascou o coice. Eu até poderia dizer que foi o meu enorme reflexo, força e agilidade que me salvaram, mas não, foi puro medo e sorte.


Rapidamente a professora pegou a corda e fez ela dar ré girar para um lado, depois para outro, era a égua prá cá, corda aqui, professora ali. Quando a mestra terminou de ensinar para a égua que dar coice era errado, ela me chamou e disse: “vai e acaricia a pata dela”…Eu queria ter visto a minha cara de: “ela tem que estar brincando”…mas como ela não riu, eu fui né! Depois disto eu tive que me colar na barriga da égua atrás da cernelha, faze-la girar...... e então pegar a pata novamente e desta vez eu consegui.
- Durante a tarde eu acariciei e agradei a égua.

2 comentários:

Anônimo disse...

Há-há-há....está muito engraçado!!!! Tenho acompanhado e desejo que vocês três se saiam muito bem.
Com essa cumplicidade entre mestre e gafanhoto o sucesso é inevitável.
Parabéns!!!!!

Anônimo disse...

Tenho um égua de 4 anos que o dono anterior devia baert nela ou foi mal domado, sempre que nos aproximamos dela ela fica investindo a cara como se fosse morder e em algumas ocasiões ela sempre vira tentando acertar um coice. Como devo proceder para resolver este problema?

Desde já agradeço
billy

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