quarta-feira, dezembro 02, 2009

Horsemanship : Imprinting Parte 1

quarta-feira, novembro 25, 2009

O começo da aventura....

Então cá estou no aeroporto de Porto Alegre, escrevendo no meu notebook vipéé´rrimo nuclear solar microondas turbo com tração nas quatro e dependência para empregadas, pensando seriamente em amassar minha lata de Diet Coke da cabeça do piá que não para de correr em volta da minha mesa dando gritinhos que me parecem deveras aviadados.
O que estou fazendo aqui numa segunda às 10 da manhã? Tentando ir prá João Pessoa desde as 7 da matina e só embarco às 15 30 prá ir prá Guarulhos prá ir prá Salvador prá chegar em John People prá lá da meia-noite.
Prá que toda essa mão de obra? Porque eu perdi meu vôo que era às 6 da manhã (= acordar às 4).
Como eu fui perder?! Facinho, facinho...indo dormir Às 2.30 da madruga depois de passar o dia inteiro trabalhando sozinha (= limpa bosta, dá comida, arruma cerca, escorrega no barro, tira água das cocheiras que inundaram com a chuva, escorrega de novo...) = stress 1.
Porque sozinha? Sem tratador e ajudante = stress 2
Mãe indo pro hospital operar... = stress 3 ³ Ai fui deitar morta. Combinei com mermão que iria me levar....às 4.
Well...estava eu na Patagônia jogando tenis com o Pernalonga quando vejo mermão. Pensei, ué que será que ele tá fazendo aqui....ai ele responde...."ué ? Não vais mais?"
Ai me cairam todos os butias do bolso! Corre, empurra carro que não quer pegar, engarrafamento, e aqui estou, amassando a lata na cabeça do piá que tá chorando não sei porque...


....continua......

sexta-feira, novembro 20, 2009

Bridless

Comunicação prá mim é isso.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Ai canseira


PUTZ to com cãimbra no cérebro da minha cabeça.

Inventei de fazer uma barraca num festival hípico prá vender meu peixe...peraí que isso soou muito chinelo...vou tentar de novo:

Por conta de eu domar uns potros do regimento, os brigadianos vão me esperar com a barraca armada....aff piorou....

Nossa empresa irá comparecer com um STAND no Festival Hípico Noturno para prestigiar o evento e divulgar nosso trabalho e filosofia....blá blá blá...enfeita enfeita....trova trova...


O problema é que eu comecei a assistir ums filmezinhos e fotinhos das coisas que eu e meus alunos nos cursinhos inventamos junto com nossos cavalinhos, e passei o dia inteiro na frente do computador e só viajei na Helmmans. Parte boa: vixi que tenho história prá contar e foto linda prá ver ... Parte ruim: fico pensando, será que é isso mesmo que eu tenho que fazer ... será que interessa aos outros? Pq eu tenho que fazer isso? Arre


Prá resumir: não fiz p. nenhuma até agora, e os hómi tão lá me esperando.... com a barraca armada!




sábado, outubro 24, 2009

NOVOS CURSIMS


quarta-feira, setembro 09, 2009

Horsemanship - Eu e Quali

Eu bem que mereço.

quinta-feira, agosto 20, 2009

Jornada vendo estrelas

Diário de bordo data estelar 34.5937898 a bordo da Enterprise Mãe de Deus 913.


Estamos já a uma semana nesta jornada pelo desconhecido em luta ferrenha contra as bactérias Klingon e seus aliados.


Nossas baixas são poucas...nenhuma prá falar a verdade. Agora estamos navegando em águas mais calmas, nos recuperando e consertando as avarias ocorridas na nave mãe.


O cansaço está aumentando em nossa tripulação, mas o espírito continua forte e nada nos afastará de nossa missão...chegar sãos e salvos no planeta Sergipe, 88 Constelação Bairro Glória...nossa casa, derrotando os terríveis inimigos.
Vou aproveitar a calmaria para descrever alguns personagens dessa guerra.

Dos médicos:

Dr. Belo, aquele que cura - detestei ele desde o primeiro momento que coloquei os olhos em sua pessoa. Manja aquele médico que jura que é a misura perfeita entre o Super Homem e Path Adams. Magro alto, cavanhaque milimétricamente aparado, olhos azuis e um olhar de sucesso e superioridade que irrita até cego!

Bah...imagina meu primeiro contato com ele:

Minha mãe acabada na cama depois de uma crise de bacteremia, febre de 40 graus...irrompe no quarto um homem de 1.90 de altura, impecável em seu terno xiquetérrimo, mais parecido com um modelo das lojas Dolce e Gabanna. Peraí que esse item precisa de um pouco mais de detalhes: sabe aquiele cara que combina não só o sapato com o cinto e a gravata, mas tambem combina o desenhinho lateral das meias com a linha do forro interno dos bolços e a etiqueta da camisa com o logotipo do lenço (Prada of course) deu prá ter uma idéia? Então...esse pavão real entra na nossa miséria clínica e emocional, abre os braços como o salvador e diz alegremente....e ai minha guria que cara é essa? Vamos se animar! Era o próprio Silvio Santos falando com as suas "colegas de trabalho". Eu, acabada, com as calças embarradas (calças, cabelos e todo o resto) depois de uma noite sem dormir pensei: ora tenha a santa paciência Batman! Isso já é deboche! Se pelo menos ele pudesse esbanjar um pouquinho menos de saúde, quem sabe eu não simpatizava mais com ele...Mas o carinha parecia mostrar o tempo todo que era de uma espécie superior àquela que estava deitada na frente dele. Era de uma espécie que cura, que tem o dom.

Mas isso foi só a primeira impressão. Nos dias seguintes, apesar de vir cada vez mais bem vestido (sé é que isso é possível), mostrou muita competência na sua área...o que tornou as minhas observações todas descritas acima perderem total importância.

Acompanhem nos próximos capítulos os outros personagens:


Dr. Mimosim, o meigo - responsável direto pelo armamento e estratégia contra as bactérias Klingon

Dr. Corto e Resolvo

Enfermeira Chefe Jara

Enfermeira Teresa de Calcutá

Copeira Minha Vida é Pior

Enfermeiro Burrim mas Bonzim

Enfermeira Santa

domingo, agosto 16, 2009

Não tô prá ninguém!

Eu tenho uma mãe que é tudo de bom!
Ela tem 83 anos de idade, a energia de um adolescente, coragem de um paraquedista e autoridade de deixar qualquer general americano da guerra envergonhado. Com certeza é a pessoa mais admirável e que já conheci.
Agora estou tendo a oportunidade de cuidar dela 24 hs por dia. Eu e todo o hospital Mãe de Deus no que depender de mim. Estou tendo a chance de dar um pouquinho do muito que ela me deu em toda a sua vida. Cuidar, dar conforto, pensar em tudo, resolver tudo (mesmo que ela não queira!) deixar tranquila, dar coragem ...
Nesses dias os meus sentimentos vão surgindo e mudando com a velocidade , fúria e beleza de um mar de bandeira preta num dia de tempestade. Sentimentos de impotência e tristeza de vê-la sofrer e de admiração de acompanhar uma pessoinha magrinha e fraquinha se mostrar uma leoa, guerreira, uma fonte de inspiração a cada momento que passa. To aprendendo tanto nesses dias aqui no hospital com ela quanto eu aprendi em todos os meus 45 anos, mais uma vez obrigada mãe, pela aula de dignidade e determinação que tu tá me dando, véia invencível! Podes ter certeza que tudo isso não está acontecendo em vão. Eu to me tornando uma pessoa melhor, como tu sempre esperou. Aprendi a esquecer de mim, a deixar de frescura e ajudar primeiro, sofrer depois, a não fugir da raia. Aprendi a não me esconder do outro lado da porta e deixar outros fazerem o que é meu trabalho, minha responsabilidade, meu dever e sobretudo meu direito. Estou aprendendo ser forte como eu nunca fui e não ter nojo de pés!
Estamos passando por um momento complicadinho mas estamos tirando de letra. A mãe da muié é fera demais.Quando a coisa tá ficando preta, ela puxa um folego lá do dedão do pé e toca em frente.
Prá voces terem uma idéia....nos momentos piores de dor ou febrão, quando eu vou levando ela pro banho ... ela sempre dá uma arrumadinha em algo que ficou desarrumado no meio do caminho...uma roupa jogada, um jornal atirado...ela cambaleia em direção da bagunça! Não tem o que tire ela da decisão de organizar, colocar ordem. 40 de temperatura...tremendo até as orelhas e agarrada nas agulhas de seu trico...fazendo e desmanchando a mesma carreira horas e horas! Tudo difícil mas ela ainda se preocupando com o cabelo desarrumado, ou com os enfermeiros, se ela estava atrapalhando ou se eles estavam vendo ela de bunda de fora!
E o melhor....a gente ri ! Piadas vão surgindo a toda a hora! A gente ri da gente , dos outros, da situação....é uma delícia desmoralizar uma doença, desmoralizar a velhice a ainda de lambuja esbanjar saúde. É isso mesmo....nosso espírito tem uma saúde de ferro, e está ficando cada vez mais forte .
PS. A mãe tá com uns médicos que são uns gatinhos, mas eu bem que gostaria que o House estivesse por aqui...

sexta-feira, junho 19, 2009

PROGRAMAÇÃO DE JULHO


terça-feira, abril 14, 2009

Patrão sofre...

Ai ai ai...lá vou eu de novo à cata de gente prá trabalhar comigo.
Que saco, como é difícil! Acho que nos últimos dois anos passou por aqui uns 30 caras.
Quando o homem era bom, a mulher era jararaca, quando a mulher era boa, o cara era ruim. Teve gente séria mas preguiçosa, gente trabalhadora mas louca, gente certa mas sem-vergonha, gente certa, trabalhadora, honesta e boa com cavalos...ops , não, isso foi um sonho que eu tive ontem.
Bah, tem histórias e histórias prá contar sobre essa saga. Mas é um preço que a gente tem que pagar por amar o que faz, ou fazer o que ama.
O problema não é tipos não saberem nada de cavalo...eu até prefro, pq posso ensinar do jeito que eu quero. O problema é que o brasileiro (pelo menos o que vem pedir emprego aqui) não tem ambição prá nada. O negócio deles é trabalhar de dia prá comer de noite. E ai qualquer coisa que tu cobres a mais, aquele esforço, aquele capricho fica pesado. Tá tudo com prazo de validade, cansa logo, não dá nem tempo prá gente se apegar ao tipo.
Tão achando que é exagero meu?
Vou exemplar proces algumas situações, com nomes fictícios...é cráro, vá que algum deles saiba acoierá as tecra no Topless. Toples, sabe? aquela coisinha que da prá falar na Ester Neide...
Sr. João Smith - roupa de pinguço, cara de pinguço, bafo de pinguço...
Veio pedir para trabalhar, mas o que ele sabe fazer mesmo é tocar na noite... Aproveitei a deixa e tasquei-lhe a pergunta:
" E o trago? Gosta? Porque quem trabalha na noite gosta..."
Resposta:
"Não...até que não sabe? Só às vezes de manhã quando tá meio frio....ou calor....Ah! e depois do almoço... antes da séstia - olha prá baixo, remexe no chão com o pé - e de noite né? Porque também...ninguem é de ferro né?"
Ah tá....
Sr. Uéslei Joahnelson - Negão dos óio verde...trabalhador como só ele! Bicho do mato...prá trabalhar era um avião, folga para ele era quando chovia, aí prá descansar iar arrumar alguma coisinha na oficina. Um sonho né? Pois é.A muié dele, a Janicleidirene, uma praga, bonitona...5 fia muié....que trabalhavam mais que ela. A tipa andava enfeitada no meio do mato como se estivesse no shoping mais chique de São Paulo. Ele era escravo da beleza da nega...uma vez me falou:
- as nega daqui são muito diferente...os cabelo delas...
- o que seu Uéslei, como assim?
- ah elas tem o cabelo muito "desdeixado"...
Tudo tava indo manimeni...mas eu sentia que não ia durar...muito pacífico o ambiente para ela, sem gramur.
Percebi que a coisa tinha acabado quando ela colocou um percingue na sobrancelha ...
No outro dia eles estavam indo embora...
Mais um, prá encerrar...
Sr. Ronilosvaldo, uns 45 anos
Esse ´só durou até a terceira pergunta da entrevista.
- Sou faz tudo de mão cheia! Sei arrumar cerca, plantar, serviço de elétrica, trabalho com trator, mexo com gado, cavalos, sei fazer serviço de pedreiro, chapeação e pintura, cirurgia intracraniâna, artroscopia, mapa astral, caço tigres e sei navegar só com a orientação das estrelas.
Minha terceira pergunta:
Qual seu último emprego?
Resposta: Nunca tive patrão, EU SOU MEU PATRÃO!
Se tem uma coisa que eu não suporto é alguém me dando ordens...
Tu só tem que combinar (COMBINAR!) comigo o que vou fazer...depois me deixar em paz...sem ficar enchendo o saco...
É....como diz minha mãe:
"É melhor ouvir isso que ser surda..."

sexta-feira, abril 10, 2009

Vencendo o medo

Ai um vídeo nosso prá exempar o que falei antes. É um potro em doma. Reparem como Chico cavaleiro tá tranquilão ai...só propôs a tarefa. Fica esperando o seu parceiro resolver o problema. Dar uma volta e fugir ele não deixa, é coisa prá covardes, mas prá frente é o potro que decide quando estará pronto. Acho muito lindo esse vídeo, toda a luta interna do potro prá vencer seu medo... a suavidade do cavaleiro....o trabalho bem feito...a natureza...os pássaros....o céu azul....o verde da mata....zzzzzzzzzzzz....ronc.....zzzzzzzzz

A muié responde

PREGUNTA PRÁ MUIÉ

Estava treinando minha potra em uma pista fechada e coberta, em um dia ensolarado! Em um dos cantos da pista o sol entra nesse horário do dia!! Qdo derrepente um passarinho passou pela frente dela nesse canto ensolarado, que fica perto do espelho da pista!! Resumindo,, ela não tem problema com o espelho, mas o susto com o passarinho foi tamanho que depois ficou dificil levá-la do tal canto novamente!! Depois do epsodio ainda não montei nela, mas se ela refugar o canto de novo o que devo fazer?? Obrigada bjo

RESPOSTA DA MUIÉ

Oi. Vou te dar umas pistas de como eu faria. Primeiramente voce deve sempre tentar resolver o problema na hora que acontece, tentar acabar o dia sentindo que ela ficou menos assustada com o que acontecei. Não deixar ela ir para casa (baia) com aquilo na cabeça, tenho certeza que tu já foi dormir com um problema...e não é nada bom né? Pois é, prá cavalos também não!
Talvez até descer dela lá onde se assustou, afrouxar a sela e ficar um pouco por lá sem fazer nada...passando o máximo de confiança possível.
Existe uma idéia que a gente tem que fazer muita coisa quando um cavalo está assustado. Pelo contrário! Tem que fazer nada não! Tem que estar ali, apoiando, incentivando, que tem que fazer as coisas são eles.
Para os dias seguintes, não espere poder passar por ali trabalhando sua potra tecnicamente ao galope, ao trote, voces tem coisas para resolver naquele canto que não incluem trabalhos de flexionamento por exemplo. O trabalho de voce naquele local é resolver o medo, o susto. e isso se resolve ao passo, avançando indiretamente e gradativamente de rédeas muito soltas. Se voce ficar insegura de fazer isso montada, não há problema em fazer inicialmente no cabresto. Não tenha pressa! Não faça daquilo um grande problema! Deixa ela se administrar, deixa ela parar e olhar, de rédeas soltas a uma distancia que se sinta segura. Quando ela se lamber e diminuir a energia "fugitiva", é momento para convidá-la a se aproximar mais um pouco. Ela tem que ter a iniciativa de passar por ali, e vai querer passar!
Se voce fizer certo, ela sentirá necessidade de investigar novamente o local, porque tudo o que um cavalo não quer é ficar tomando susto à toa, como um bobo. Cavalos sentem necessidade de investigar coisas que assustam, para não fugir de algo desnecessariamente e assim gastar gasolina e ficar com o tanque vazio e não poder fugir quando o leão atacar. Faz sentido prá ti?

quarta-feira, abril 08, 2009

Ainda sobre Jack


Bah vão me desculpar, mas eu não tenho paciência com burrice!
Não sei e não quero nem saber se pode ou não pode colocar essas fotos..mas vou colocar. Porque ilustram muito bem o que falei no texto anterior. Lembram? Jack o estripador....John Lennon? Pois é...aí estão alguns aprendizes do Jack.

É dose prá leão! É curso sim! Curso Horsemansheep Racional Adaptado Tabajara Microondas Nuclear Solar Five Stars
"E funciona"...

Claro que funciona, afinal, cavalos aceitam muito desaforo! São muito burros também....acho que se fossem menos generosos e matassem ou machucassem mais pessoas, principamente os gênios que fazem essas arapucas, as pessoas teriam que aprender mais e respeitar mais. Mas não....os abobados aguentam tanta barbárie e ainda no final resultam "domados" , que os superdotados treinadores Horsemanpicchips Helmans Tabajara se acham bons e arranjam patéia e seguidores....





Aqui já com uma técnica mais aprimorada....com as patas amarradas nos moirões da cerca. Método extremamente seguro tanto para cavalo como para cavaleiro...sem falar do conforto e tranquiidade que isso passa para o anemar cavalar
Nesta foto, a pessoa segurando o cabo preso à pata do quadrúpede irracional está realizando uma demonstração claríssima do princípio básico da técnica utiizada: "cavalos podem ser mais inteligentes que nós...mas nós somos mais fortes...he he he".

Ai que rééééiva que me dá! Putzgrila!

Ai que vergonha do compadre....








domingo, abril 05, 2009

Dando nome aos bois

É muito comum perguntarem prá mim se o que eu faço é "doma racional" ou...é aquela coisa do Monty Roberts...ou ainda, "Sei! eu vi o filme "O Encantador de Cavalos". E eu sempre me atrapalho para dar a resposta.
Hoje em dia está surgindo uma enxurrada de gente que pratica e ensina o "horsemanship". É uma coisa impressionante a velocidade que estão procriando...mais rápido que aliens. Quando eu comecei, as pessoas daqui não conheciam nem o termo, imagine ensinar a técnica. Eram tempos difíceis, eu sentia falta de referências, de gente para me ensinar, isso foi em meados da década passada (muié dinossaura)...

Aí de uma hora prá outra a coisa pegou, virou moda. Acredito que o que fez isso acontecer foi a paixão que o cavalo desperta nas pessoas, imagina então saber que existe uma maneira de aprender se comunicar na linguagem deles!! Bah! é tudo o que quem gosta de cavalos sonhou a vida inteira! Conversar com cavalos.

Pois é...beleza. O problema que há os que conversam, os que trocam idéias mas há também gritam ordens, os que xingam e até os que humilham, mas tudo isso tem levado o mesmo nome...aí é brabo né?

É isso o que me incomoda. Uma palavra não define o que tanta gente faz de tantas formas diferentes. Vou tentar explicar melhor. Tanto John Lennon como Jack, o estripador eram britânicos, falavam ingles....mas com quem seria melhor conversar?


sexta-feira, abril 03, 2009

FALANDO SÉRIO...


COMUNICAÇÃO : um avenida de duas mãos

Em qualquer atividade eqüestre, sobretudo em rédeas e adestramento, por seu nível de exigência, de precisão, obediência e complexidade de execução, é fundamental uma comunicação efetiva e correta entre o cavalo e seu cavaleiro. Porém essa comunicação se vê limitada pelo enfoque humano do conceito, pois estamos acostumados a julgar o mundo de acordo com o nosso ponto de vista e, de fato, geralmente não se considera que o cavalo possa ter o seu próprio universo. Sua forma de pensar e de compreender os fenômenos do mundo exterior é muito diferente da maneira do homem, pois suas necessidades biológicas também o são.
Isto faz com que falemos idiomas distintos e que a comunicação entre os dois seja muito difícil, a tal ponto que quando nós nos comunicamos com o cavalo, o que fazemos na realidade é somente lhe ditar ordens que confundimos com diálogo. A maioria das vezes o animal nem sequer as entende. Depois de muito trabalho, apesar de nossa incapacidade de nos fazermos compreender, depois de centenas de repetições e de outras tantas horas de trabalho, ele consegue associar. Tudo isso como “adivinhando”. E relaciona suas ações com os estímulos que recebe geralmente nada gentis.
É então que o consideramos tê-lo adestrado. Com muita freqüência acreditamos que estamos nos comunicando com o cavalo, quando geralmente o que fazemos é atrofiar sua habilidade para avaliar estímulos contraditórios e assim anular sua capacidade de tomar decisões.
Não obstante, a comunicação em “seu próprio idioma” é altamente eficiente e sua capacidade de compreender o que se pede a ele somente tem comparação com a vontade que empenha em satisfazer-nos.
É surpreendente que não se necessite mais de três repetições – menos de cinco minutos para que se torne clara nossa solicitação e se inicie o processo de execução, que neste caso será eficiente, decidida, oportuna e precisa, em poucas palavras, do mais alto rendimento.
Para mim, não existe nenhuma contradição. A diferença se faz no ponto de vista do observador, que julga de acordo com o resultado de sua tarefa.
Freqüentemente nossos sinais não são específicos, resultam pouco claros ou ainda, contraditórios. De fato, a natureza equina – substancialmente diferente à nossa – que levamos entre nossas pernas, é uma máquina altamente eficiente de perceber estímulos do meio, tanto que nossa propria receptividade se torna muito pequena e não somos conscientes dos inúmeros sinais que emitimos involuntariamente e que têm que ser ignorados pelo cavalo por carecer de significado.
É demasiado pedir a nossos cavalos que, além de manterem-se obedientes a sinais julgados antropocentricamente, ignorem não só os que recebem além de nossas ações, senão também os que realizamos sem ter a intenção de faze-lo. Estes sinais falsos confundem o animal até que ele aprenda a ignorá-los. Na realidade é um processo de insensibilização involuntário que faz indolente ou distraído o cavalo, que depois ignora também os sinais que tem um propósito específico.
Com essa má comunicação tendemos, como muitas outras coisas que ocorrem sem que nos demos conta, a reduzir o enorme acervo de sensações que o cavalo tem à sua disposição de maneira natural.
É um grande desperdício e portanto um erro, não aproveitar essa grande capacidade de captura de sinais, simplesmente porque não sabemos mais sobre a natureza do cavalo, de suas capacidades receptivas e suas limitações de abstração, porque não sabemos de que maneira o cavalo aprende e retém as informações, porque não sabemos que não é necessário mais que tres repetições para que um cavalo entenda completamente um exercício.
Poucos ginetes têm completamente clara a importância de não dizer nada quando se trata da comunicação com o cavalo, pois para este,, o melhor sinal é receber nenhum, pois significa que fez o correto.
Antes dos afagos, carícias ou cenouras, massagens e ótima alimentação, o cancelamento de um estímulo, é a primeira e mais importante manifestação do reforço positivo e é a melhor mensagem que podemos dar à nossa montaria quando esta executou a tarefa de forma acertada.
A execução correta e o melhor esforço do cavalo em seu desempenho – que finalmente distingue ganhadores de perdedores - , estarão regidas pela busca da suspensão das ordens. A vontade que o animal emprega, entendida não só como a ausência de resistências ou manifestações indesejáveis, mas também como o esforço extra para saltar mais alto, correr mais rápido ou executar com mais precisão uma manobra determinada, estará em função direta da clareza que ele tem de que depois do cumprimento correto, encontrará sua recompense, que é o cancelamento do uso das ajudas, rédeas ou a tensão corporal, que é precisamente: não dizer nada.
Costumo dizer que para um treinador medíocre, o cavalo sempre está devendo para ele, que o cobra sempre cada vez mais em treinamentos fatigantes, monótonos, com infinitas repetições sem sentido para o cavalo, pois o spin, o salto ou o tempo atingido na raia em uma corrida sempre deveriam estar melhores. Esse exagero só pode resultar na diminuição da qualidade da execução da tarefa solicitada, seja por fadiga, dor ou confusão ( ou o que é mais freqüente, um somatório de tudo isso).
Já o treinador consciente, nem sempre o mais habilidoso, porém aquele mais sensível e conhecedor os limites e potencialidades do seu cavalo, contenta-se com muito menos, cessando o exercício ao menor vislumbre de que sua montada entendeu e emprenhou-se. Esse sabe que para conquistara uma performance ideal, é necessário um cavalo não apenas afinado técnicamente, mas também equilibrado físicamente e moralmente.
Muitas vezes entristeço ao ver treinamentos nas mais diversas modalidades indo na contramão do que é certo, saudável e produtivo para o cavalo. Treinamentos abusivos, extenuantes, aborrecidos e executados muito mais em função de inseguranças psicológicas do treinador em véspera de competições. Esforços exagerados que só fazem com que o cavalo execute cada vez com menos qualidade suas figures, levando o treinador, que julga como na maioria das vezes, que o erro é do animal, a repetir mais e mais, produzindo um círculo vícioso extremamente nocivo à vida atlética deste animal. Sim, saem vencedores mesmo com esse tipo de treinamento , mas é fruto da generosidade equine, apesar do treinador, e não por causa dele! E isso tem um preço, que sera cobrado logo ali na esquina, pela diminuição da performance e da vida atlética de um cavalo.
Está mais do que na hora dos treinadores aprenderem a se comunicar de forma eficiente, para o bem dos cavalos e a evolução dos esportes equestres no Brasil.



Inspirado em texto de Chico Ramirez, El señor de los caballos

segunda-feira, março 30, 2009

Casa cheia

Chegaram 5 potros xucros aqui em casa para o curso de doma que vou ministrar em abril.
Meu trabalho inicial, se é que dá para chamar algo tão prazeroso de trabalho, é colocá-los confortáveis em um bom piquete, com sombra água fresca e boa comida, e ficar observando, observando, observando…
Observando cada atitude, cada indivíduo, cada movimento. Quem é inseguro, curioso, irritado, calmo, etc. Deixando que eles comecem a me dar uma idéia de qual será a melhor maneira de trabalhar com cada um. Afinal,são eles que escolhem qual caminho que vamos seguir, eu só sei onde quero chegar.
Observando esse grupo não pude deixar de sentir uma inveja da espécie deles. Como ela é mais evoluída que a nossa. Hmmm…isso deve ter feito algumas pessoas se retorcerem na cadeira…calma! já explico! Cavalos são muito mais bem sucedidos em se comunicar que nós. Vejam como esse grupo trabalhou de forma unânime e harmônica numa situação tão caótica como a que se apresentou para eles nesse momento. Só prá dar uma idéia do tamanho da façanha, imaginem voces, vivendo todos os anos da sua existência num lugar muito tranquilo, com seus parentes e amigos, sem nenhuma grande novidade, exceto 3 ou 4 ocasiões desagradáveis (infelizmente prá nós,todas elas vinculadas à presença humana) como marcação a ferro quente e castração. De repente são colocados à força em um grande baú, barulhento, que se movimenta e se sacode o tempo inteiro durante 8 horas, e depois saírem de lá para um lugar que nunca viram antes, sem saber nada de nada!
Pois é! Isso aconteceu com esses cavalos, e assim que eles chegaram, já estavam trabalhando juntos, como que numa linda coreografia, com a absoluta convicção de que a força está no grupo e no objetivo comum, que no caso deles é sobreviver. Trabalhando para saber o máximo possível sobre a nova situação, contando e confiando somente uns com os outros.
Agora, apenas para reforçar minha opinião sobre a superioridade equina no quesito comunicação, gostaria que voces lembrassem da sua última reunião de negócios, trabalho, do time, da diretoria,da federação, do grupo de estudos, de viagens ….foi tão simples assim?

quarta-feira, março 25, 2009

Que delícia de UTUBIS


Aconteceu uma coisa muito bonita comigo ontem. Parece que quando eu começo a azedar, perder a fé nos homens, que já não é lá essas coisas, alguém lá de cima, só pra contrariar manda acontecer uma coisa bacana prá mim...

O negócio é o seguinte, eu achei um cara no utube há mais de um ano atrás que faz um trabalho muito interessante, que ele intitula Hybrid Horsemanship. O nome de guerra dele é Endospink, muito bacana.

Pois é, o homenzinho dentre outras coisas faz deitar cavalos complicados de comportamento apenas usando um bridão e muita agilidade e timing. Fiquei maluca. Claro que a muié aqui teve que testar.

Quá morri! Levei um tempão com cada cavalo. Mas apesar dos meus erros deu certo. Fiz com alguns cavalos, mas ainda não estou nem um pouco contente, acho que na primeira deitada sempre atrapalho demais os cavalos (o pobre Quali que o diga!). Cheguei a comentar com um amigo meu que eu gostaria de poder comprar os vídeos que ele vende ensinando a técnica (TAP = Temporary Attitude Persuader ).

Anyway, eu mylsef tenho uns vídeos no utubis, inclusive o chamado "Laying Down horses" em que eu cito o Hybrid Horsemanship. Não é que o cara viu e me mandou um recado?!?!?! Mas me caiu todinhos os butiá do bolso e até pisei em cima!

Ó ai o que ele falou:

"Very nice job... "

Depois disso já fiquei que nem eu mesma me aguentava...respondi agradecendo e que era uma honra receber um recado dele e que eu espero que um dia ele venha ao Brasi nos ensinar mais.

Tão pensando que é muito pouco?? Então ó só o que ele mandou mais...


"The TAP
Hi,Here is the link to the Tap files that are on the flash drive people are buying. You don't have to pay because you did a lovely gentle job and thats the message I hoping to send out..

Here is a bonus vid I did recently as well..

I would love it if you posted you laying down vid as a video response to my Tap vid that is attached to this letter..Thanks again..Paul "


Traduzindo: Voce é a mulher mais maravihosa que eu já vi! Sua nobreza, elegância e sabedoria com cavalos é para mim....Tá tá! é brincadeirinha...


Na verdade ele falou mais ou menos isso: "bom trabalho, vou te dar os vídeos que eu ensino a técnica, voce não precisa pagar porque voce fez um trabaho gentil e é essa a mensagem que eu quero passar."


Desculpa se pareço muito exibida tá? É a pura verdade, não pareço não! Estou exibida até o último fio de cabelo e orguhosa também. Putz, eu me esforço prá caramba, trabalho e sofro para ser competente para os cavalos (PARA OS CAVALOS e não com os cavalos ou para as pessoas que tem os cavalos). Na maioria das vezes estou sempre achando que eu podia ter feito melhor, voces não imaginam! Isso é uma escravidão mental! Sou carrasca de mim mesma...e é muito legal ver alguém discordar comigo e me dizer que fiz um nice job...

Abraços e até mais, que agora vou sair para dar alguns autógrafos....




terça-feira, março 24, 2009

Fogueira das Vaidades

Putz vou ter que falar sério agora ...

Eu estava futricando em uma comunidade de horsemanship que eu acho bem legal no yourgute e vi uma coisa que me deixou embuchada e vou ter que despejar. Melhor lugar prá isso que seu próprio brógue não há.

O causo foi o seguinte:

Um dos tópicos me chamou a atenção, pois seu título era: "Lerdinha". Fiquei curiosa, não sei dizer bem porque, se foi por me identificar com a situação da póbicha ou por ter aquela vontade de ajudar cavalos que têm problemas com pessoas. Mas o certo é que fui ler o problema da moça e sua "Lerdinha" .
Bueno, ai vai resumidamente a história delas: a´"Lerdinha" (doravante Lelér - já to amando ela...to pensando até em fazer uma corrente pró lerdos...), foi pra uma cavalgada com um amigo da moça e não conseguiu acompanhar a turma...ficava sempre pra trás (sei bem como é que é isso), com passinhos de formiga. Antes era bem caminhadeira e agora não é mais, virou lerdinha. Ahn! Até quando ela era bem mais gorda (desconfiam agora o porque da minha simpatica?) caminhava mais rápido. A pergunta da proprietária é saber se existem exercícios para aumentar a velocidade ao passo.

Um detalhe: a dona da égua é novata, está pedindo socorro a uma comunidade cheia de gente experiente...achei bem legal isso. Quer dizer, estava achando bem legal essa história de comunidade e discussões, até chegar ali na esquina...porque depois comecei a ler as respostas, já me tapei de mosca!


Well, não sei nem por onde começar a falar o que eu pensei sobre o que li. Era tanta técnica e manobras de se fazer um cavalo andar mais rápido que dava prá se perder. Tinha umas respostas que pareciam ter sido escritas pelo próprio filho do Machado de Assis com a Anita Garibaldi, o Garibaldo de Assis, pouca gente ouviu falar dele, mas foi um mestre exímio tanto na nobre arte de dominar o equus caballus como a pena (= caneta, seus incultos!).

Se tiver alguém dessa comunidade lendo essas mal escritas linhas, não fiquem chateados comigo, eu sei que a intenção de muitos ali é ajudar.

Num dado momento rolou até pedrada, baixaria, as facções eram: eruditos x objetivos, gaúchos x cariocas, treinadores x ex alunos, bonitos x feios, rédeas x adestramento e por ai vai...virou batalha prá ver quem sabe mais, quem ajuda mais, quem compreende mais o horsemanship.

Era La Guèriniériè prá lá, Latu sensu prá ca, cutucadinha com a perna prá lá, mexe quadril prá cá... Aperta a perna, NÃO! Não aperta a perna! Mexer o quadril funciona! (ahhh funciona...e como...) Não! Quadril não funciona porque eu já fiz em UM cavalo e não deu certo (claro que esse um cavalo é igual a todos os outros e o cavaleiro fez tudo super correto para ter essa estatística ultra representativa).

E a Lelér e sua dona ali, esperando, assistindo. Afinal não podem falar nada mesmo, uma porque é novada e a outra porque é cavalo.

Sabe o que foi que mais me chateou vendo as pessoas nesse debate, com opiniões e dicas até por vezes muito sensatas. Me aborreceu o fato de ver que ninguém, NINGUÉM! pensou em saber mais da Lelér! Perguntar mais coisas prá ela! Tenho certeza que ela falaria se alguém perguntasse! O que voce tá sentindo? Dói em algum lugar? O teu sapato tá bom prá caminhar? Conta prá nós que a gente é horseman!

Não....foi todo mundo pro tratamento. Diagnóstico prá que?!?!

É isso, o cavalo na maioria das vezes sofre pela vaidade e antropomorfismo (ui!) das pessoas que o manejam. Sofre porque ainda tem muita gente que sabe muito sobre cavalo, mas sobre o cavalo que está dento da cabeça delas. O cavalo tem seu próprio universo e suas próprias razões! Puxa vida! Ninguém pensou em saber porque? PORQUE ELA PAROU DE SER CAMINHADEIRA?!?!Ninguém prestou atenção nesse detalhe que faz toda a diferença na história da Leler: Ela ERA bem caminhadeira, PASSOU a ter passos de formiga!!!!! Nenhum cavalo decide se lerdo, sem mais nem menos ora bolas!

Enquanto todos estão discutindo sobre o cavalo e o remédio ideal para a Lelér de dentro de suas cabeças, com os olhos embaçados pela névoa da vaidade e
retórica.
Só sei que fiquei mais triste com a coisa. Triste porque num meio que se diz amante do bom horsemanship, cometeram um erro que não perdôo. Ficaram uns olhando pros outros e de costas para o cavalo. Prá mim isso é a contramão do horsemanship verdadeiro,

Bah que saco....paciência Lelér...tomara que alguém te escute melhor. Boa sorte. To torcendo por ti.

segunda-feira, março 23, 2009

Missão cumprida...por enquanto


É com muito orgulho que anuncio aqui que meu querido pupilo Gafanhoto está montado na sua potra Ventania. E ambos estão vivos e saudáveis ainda! Aconteceu neste fim de semana a façanha! Foi muito bacana. Foram momentos de muito orgulho, da Ventinho, que é a responsável pelo aparecimento de mais 14 cabelos brancos na minha cabeça e do Gafa me trouxe só 8...
Foi muito tranquilo.
E tenho certeza que a razão disto está principalmente no fato de que nós tres não deixamos nada prá trás, nenhum problema que ia surgindo no meio do caminho a gente deixava por isso mesmo....não, a gente queimava as pestanas queimava também as mãos nas cordas, suava as camisetas e o pelo prá que tudo ficasse bem entendido entre nós, sem mágoas. Sempre usando todos os nossos termômetros.

É como eu digo, é preciso merecer se dar bem com cavalos, é preciso ser muito educado para ter um cavalo educado.

Parabéns prá nós!

PS 1. A história não vai se estancar por aqui....
PS 2.Recado pro G.: Definição de pestanas no Aurélio: pelos da borda superior das pálpebras.gír Queimar pestanas= estudar muito; Fazer ou tirar pestana = cochilar. POR FAVOR...não confunda, principalmente quando estiveres no João XXIII)!

sexta-feira, março 20, 2009

Curso Denise Bicca Horsemanship

Clica na imagem para ampliar!

quarta-feira, março 18, 2009

Só me faltava essa....

Óia o que me aconteceu hoje.

Eu tô trabalhando com um cavalo novo. É um garanhão tobiano, cruza de pitbull com tubarão martelo. Lindo como ele só,e ordinário também. Se acha grandão pra caramba, tem que ver o olhar de desdém que ele dá prá gente...posso jurar que ele mede a gente de cima a baixo....chega a dar vontade de ir trocar de roupa. Seilá entende, colocar uma coisinha mais xique sabe, prá combinar melhor com ele. Mas o pior não é o olhar dele....é a boca mesmo. Só vendo, chega a tremer os beiços, puro desejo de arrancar aguma carninha de algum lugar. Hannibal ia sentir orgulho, aliás seria o cavalo perfeito prá ele.
Ele morde até o ar, imagina. Na verdade ele está aqui em casa para nós resolvermos isso, esse vício infame que o coitadinho possui. Estamos trabalhando com psicoterapia cognitiva positivista horsemanshipiana. Estou entusiasmada com os resultados. Mas na hora da sessão é de matar a muié véia aqui de tanto que corre, faz correr e desvia da bocarra do javali colorido. Não tem aula de aeróbica que se compare, o bicho é poderoso vitaminado.

Bem....depois da sessão de hoje, umas 2hs de correria, trancos, dentes, poeira e suor. Pego a paciente seguinte, Ventania. Lembram?
Pois é....ai como ela tá ficando mocinha, afroxei meu lombo. Aproveitei prá relaxar fiquei segurando para que o Dublê fosse pegando as patas dela, que já estão bem mais submissas. Se não fosse uns guinchinhos de vez em quando, diria que está praticamente resovida a parada. Depois de trabalhar com aquele dragão de Komodo em forma de cavalo tobiano, eu tenho a sensação que poderia pegar a Ventania no colo, tão fácil que é!

Mas aí é que me caiu os butíá do bollso....tô eu segurando a tipinha e recarregando minhas reservas de adrenalina, naquele torpor clássico pós esgotamento físico/mental, quando derrepente a bicha sem pedir permissão coloca pelo menos 3 dedos da minha mão direita prá dentro da boca dela!!!

Agora eu acho até graça....e não é que é mesmo?
Bah...é bem como eu digo pros meus gafanhotins....cuidado...a gente só se machuca com cavalo manso....

sexta-feira, março 13, 2009

Laying down horses

Dia 7 - Finalmente paz



DA MUIÉ
DIA 7 (eu acho)

Novo dia de trabalho, agora com Gafanhoto retomando seu posto. Ele começou trabalhando. Quando foi pegar nas patas da égua percebi que ele estava com um pouco de receio. Bem sensato da parte dele, como diria o filósofo americano, Murphy..."quem tem, tem medo". Depois das poucas e boas que a bicha aprontou prá ele, senti que ele não estava pronto para tal exercício. Voltamos atrás. Não é problema ter medo, o problema é não se preparar bem para fazer as coisas sem medo. Senão a coisa desanda. Eu mesma estou sempre com medo e acredito que é exatamente isso que faz com que eu me identifique tanto com cavalos.

Gafanho foi trabalho até afroxar o lombo....porque de lombo duro a gente sempre se machuca (neste casa tanto faz quem tá de lombo duro, cavalo ou cavaleiro, um vai acabar atrapalhando o outro mesmo).

Confiança é algo que se precisa plantar e cultivar, regar e adubar. As conquistas levam o tempo certo prá acontecerm.
Quando foi a hora, meu super Gafa fez coisas até bem mais difíceis de fazer do que a que ele tinha medo de fazer no início do trabalho, e nem percebeu...com uma segurança de fazer inveja até ao próprio Conan.

Não acredidam? Olha ai ...






Parabéns Gafa!
DA VENTANIA
Dia 7
A Ventania não tá! Casou e foi morar com a sogra! Não enche!

segunda-feira, março 09, 2009

Chega de não me toques

DA MUIÉ
DIA 6

Hoje foi só eu e o dublê do Gafa. Começaram as aulas dele, acabou a folga. Afinal alguém tem que se ocupar de construir um Brasil melhor né?

Trabalhei um pouco com a potra. Quando o dublê foi pegar a pata dela, ela tentou afastá-lo com um coice muito pertinho da cabeça dele.
Bueno. Os cavalos que eu trabalho sempre escolhem que tipo de dia querem ter comigo, fácil ou difícil. A Ventania resolveu escolher o dia difícil. Ok. Sem problemas, sou parceira.
Decidi deitá-la, para que não restasse dúvidas a respeito de quem iria controlar as patas de quem, pelo jeito ela ainda estava indecisa.

Ela tem muita personalidade, não se entrega fácil. O que valoriza mais ainda o trabalho e as conquistas. Quando acabou o trabalho senti, que ela se tornou o cavalo de confiança que eu espero ter sempre ao meu lado.
Abaixo o dublê Roger manuseando as tão desejadas patas da Ventania.




Muito bem Ventania, tá ficando mocinha!

DA VENTANIA

DIA 6

Êita muiézinha dura de roer...affe que achei uma mais teimosa que eu...tive que dar a pata a torcer, ou melhor, erguer.

DESISTO. TÁ! QUER PEGAR MINHAS PATAS PEGA! NUMA BOA! Já vi que tu não vai fazer nada de mais com elas mesmo.

domingo, março 08, 2009

Insônia e Redenção

DA MUIÉ
DIA 5
Nossa que noite! Uma insônia da braba. É sempre assim, quando as coisas não saem como eu gostaria com um cavalo que estou trabalhando. O monstro Idéiafix Tiranossauro Rex vem me assobrar a noite inteira! A cabeça não para, é horrível… passo a noite inteira trabalhando. Pergunta e mais pergunta. Que sofrimento. A noite seguiu mais ou menos assim:
21pm, no sofá:“Porque será que a potra está tão irritada? Porque ela não aceita o meu manejo?
23pm, na cama: Será que é justo já desistir, julgar e condenar a dita cuja? Cadê minha fé nos cavalos? Cadê minha fé no real horsemanship e na comunicação?
3.00, am no sofá com uma coca zero sem gás e bolachinhas cream-craquer molengas velhas: O que será que está me atrapalhando? Impedindo de me comunicar melhor com a Ventania? 4.30pm na cama: O que devo fazer amanhã?
6.00pm, pendurada em um galho da Figueira: “O lastro da bujiganga-mor está se rompendo capitão! Nosso tempo está esgotando! Dr. Spock está a caminho…Os limites Espaço Tempo sem os pivões vão nos absorver…May Day! May Day!! Entrerprise responda! Cuidado! Estamos sendo atacados pelos Pandas Klingon gigantes!!!!! Vick Vaporub o ar, o ar!
Aí eu acordei….
8:00pm Peguei tudo o que se passou na minha cabeça, organizei e decidi. E logo que decidi, me acalmei e tudo ficou mais claro!
Putz que é brabo a gente assumir responsabilidades, dói quebrar a cabeça! A dúvida é uma Seria muuuuito mais fácil julgar e se livrar do problema…"É, a potra não serve mesmo….é “mesquinha” das patas. Melhor comprar outro. O problema é ela. Nós estamos fazendo tudo certinho beleza pura. Mas não é assim! Se eu quero trabalhar com cavalos,o problema é meu! Não deles. Afinal talvez eles, se pudessem escolher, talvez não estivessem num redondel fechado com uma muié falante e um piá grandão tentando agarrar as patas deles assim no mais.
9pm Chegaram Gafanhoto, Mamãe Gafanhoto, Papai Gafanhoto e Ventania. Falei prá turma: "Seguinte! Vou trabalhar com a potra e vamos voltar prá trás!. Se não está dando certo, é porque eu não li ela direito e ainda não estamos nos entendendo. Estou convicta que ela precisa de mais competência da minha parte. Se ela não está pronta prá me dar a mão, que eu seja mais convincente. Se eu tenho pressa, tenho que andar devagar!"
PRONTO! Levou um tempão e muito esforço de nós duas, mas chegamos lá. Primeiro em liberdade, até retomarmos os laços de uma conjunção ou join-up, se preferirem. Passamos a formar uma dupla. Depois alguns exercícios com cordas e saco, perfeito! O trabalho foi sensacional! Desencanamos. Saímos da pressão. E nada mais gostoso que depois de uma noite mal dormida, um dia de bom trabalho. Não que ela não tenha me tirado o couro prá eu convencê-la de que mereço ser sua líder! Foram três horas de conversa! Mas, como eu não tinha pressa, o tempo voou. E nada melhor do que uma noite de insônia, uma manhã de dedicação para uma tarde de descanso.

DA VENTANIA
DIA 5
Alguma coisa mudou.... morri trabalhando.... mas alguma coisa mudou. Parece que tenho mais espaço, menos pressão, mais tempo!Largaram do meu pé....ou melhor, da minha mão.
Hoje não tentaram pegar minha pata. Foi só a muié comigo. Sei-lá nãos sei se foi algo que ela disse ou fez, ou deixou de fazer, ou quem sabe até a cara cansada dela (olheiras enormes!),que me convenceu a ficar na minha e deixá-la tocar o barco. Foi um tempão prá ela se explicar, mas acho que é a minha melhor escolha...ficar nas mãos delas por enquanto,...e com restrições!.


DO GAFANHOTO DIA5
Hoje foi meu dia de expectador. E o dia de maior desgaste tanto da égua quanto da mestra. As duas não pararam de brigar um instante. A égua conheceu o Saco Dessensibilizador Tabajara, que vai ser importante para daqui há alguns dias, ou seja, o saco prepara para a égua ser encilhada. Quando a égua reluta contra o saco, este permanece imóvel, porém quando a égua se acalma, o saco é retirado, sempre atuando o método pressão e alívio. No final de trabalho a mestra estava extremamente cansada, a égua totalmente submissa. E pensar que no final do quarto dia, em reunião familiar comnversamos sobre vender a égua. Mesmo sendo clichê eu digo: "As aparências enganam".

segunda-feira, março 02, 2009

Ventania tendo fricotes

Relatório de um dia dos quintos!

Da Muié
DIA 4
Que guerra. A bicha continua cheia de frescura. Quando o Gafanhoto foi pegar sua pata, novamente ficou agressiva. Muito chato da parte dela. Fui ter uma conversa cara a cara, mais pressão, mais bronca, mais trabalho...ví vou pegar a pata ...e ela fez a mesma coisa. Aí me caiu os butiá do bolso.

Trabalhei mais um pouco e chamei o Rogério (doravante chamado Dublê), meu funcionário, que tem mais experiência que meu pupilo, para as de cenas mais violentas. Foi muito tempo de trabalho.
A coisa tá mais ou menos assim....pega 47 vezes a pata, sem problemas, na vez 48, guinchos e ameaças de coice. Santa frescura Batman! Mas deu.

Azeda azeda prá caramba. Me deixou com a cabeça a milhão. Porque ? Porque? PORQUEEEEE?
O que eu estou fazendo de errado? O que está me passando desapercebido? Pq ela não reage a cordas, Bandeira Dessensibilizante Gallopaytor Tabajara e tudo mais, e reage quando tentamos passar a mão?

Eu sei que tem uma razão prá essa resistência, só não estou conseguindo enxergar.

Well... da maneira que está , não é um bicho que sirva pro meu querido aprendiz aprender. Ela precisa de mãos um pouco mais experientes.
Depois do trabalho, conversei sobre os trabalhos com mamãe Gafanhoto e papai Gafanhoto. Diga-se de passagem, é muito estimulante trabalhar com gente que tem cérebro na cabeça! Mamis Gafa falou: desencana , se não serve, trocamos por um que sirva. O importante é ele ficar bem e aprender legal.
Beleza. De tarde pedi pro Dublê passar a mão nela novamente enquanto eu assistia...mesma frescurite, guinchinhos e ameaças, mas pegou a mão. Só que não senti absolutamente nenhuma firmeza da parte dela. Não dá prá confiar...e eu NÃO trabalho assim....sem confiar! Acabei o dia trocando orelha prá caramba...alguma coisa não tá certa...

VENTANIA
Dia 4

Mas credo que gente chata! Abusada! Me larguem de mão ...ou melhor , larguem da minha mão...ou melhor,
TIRA A MÃO DAI!!!!!!!!
Não dá prá ver que não tô pronta? Foi muita coisa muito rápido...tem as minha memórias também, o que eu passei já nesta vida, e que não vou contar! Se quiserem vão descobrir! Vão merecer pegar a minha mão. É isso ai, não me entrego pra qualquer um! Tem que provar que merecem.
Tô pregada! Passaram a manhã toda me furungando e de tarde vieram de agradinho ...comigo não violão! Não sou dessas que se derrete por qualquer coisinha!
Vou dormir que tô de mau humor...que saudades da minha mãe...
Pelo menos a cama é bem limpinha e a bóia no capricho...PELO MENOS ISSO!

DO GAFANHOTO
DIA 4

Colocação do buçal:
- a égua continua dando cabeçadas na minha mão para evitar que se coloque o buçal. Fora isso, sem incidentes, pois a égua não mordeu.

Cabresteamento:
- não houveram complicações, a égua respeitou meu espaço vital, não quiz passar por mim, não me atropelou, ou seja, foi um cabresteamento satisfatório.

Solta no redondel:
- ao ser solta, a égua não correu para longe de mim, simplesmente ficou parada, o que é muito bom, pois demonstrou que a sua atenção estava focada em mim. Porém ao sair do redondel, ela não me seguiu até a porteira.

Trabalho:
- hoje apareceu mais um integrante para o trio Muié, Ventania e Gafanhoto, ele é o "dublê", também conhecido como Rogério. Ele ´tá fazendo a parte de alto risco, como pegar as patas da Ventania, que foi novamente difícil pois ela aparenta ter algum tipo de trauma.

domingo, março 01, 2009

A saga continua - Diário de tres cabeção

DA MUIÉ
DIA 3
Putz hoje foi casca !
Foi tudo beleza até a hora de pegar a pata dela. Aí a coisa enroscou.
Eu já tinha uma idéia de que poderia haver alguma reação negativa porque me contaram que já haviam tentado ferrá-la mas não conseguiram. Só que a reação foi mais ou menos como a que aconteçeu em Hiroshima depois daquele episódio com a bombinha… Assim que o Gafanhoto se inclinou para tocar na sua mão, a dita sampou-lhe um par de três coices que nos pegou de surpresa e fez o piá ir parar sem cima da árvore mais próxima! Ai o tempo fechou! Literalmente...começou a chover.
Peguei a bicha e fomos dançar, foi dureza, a muié tá ficando véia. Foi escorregão pra cá, patas prá lá, tropeça daqui (eu) , empurra de lá (ela) . Ficamos umas 2hs numa discussão de quem ia mover a garupa de quem e quem ia pegar a pata de quem. Ela tem bastante peito, mas posso dizer se é uma coisa que sobra em mim também é peito. Quando a situação se amenizou, fomos conquistar aquele terreno selvagem da potra. Isso significa, Gafanhoto dessensibilizando centímetro a centímetro toda a pata da égua. É incrível como o cavalo é pontual e milimétricamente específico onde se deixa tocar e onde não se deixa tocar e isso sempre está vinculado às experiências que ele passou, tanto em quantidade quanto em qualidade.
Resumo do que foi feito para que o dia acabasse com o Gafa segurando a pata de uma potra muito tranquila
1. Pega pata
2. Toma coice
3. Muié dá uma bronca na bicha e coloca ela prá trabalhar
4. M reforça o controle dos movimentos da dita e garante que ela respeite o seu espaço vital
5. Gafa. entra em ação, trabalha prá tocar em toda sua pata
6. M sai de cena e passa só a berrar com G o que ele tem que fazer, corrigindo sua posição e suas atitudes
7. G levanta e larga ambas as mãos da potra infinitas vezes
8. G , M e potra fazem as pazes e vão almolçar acabados mas em paz



DA VENTANIA
DIA 3
Mas que dia, criatura! Justo quando eu estava começando a me acostumar com a vidinha tranquila daqui...
...aquele piá e aquela muié resolvem pegar uma pata minha…ah não! Me esquentei! Capaz que vou dar meu braço a torcer, ou melhor, minha pata a levantar, assim no mais. Sampei-lhes uma advertência bem dada e afastei o guri de perto. O problema é que depois disso a coisa ficou fora do meu controle…a muié me colocou a girar prum lado e pro outro, foi dando ordens e mais ordens sem parar até eu ficar bem na minha. Depois de tudo isso, veio o piá e os dois começaram a massagear minha pata bem devagarinho…assim foram me convencendo. Assim, com agradinho quando eu ficava calma e trancos quando eu me azedava.


Ok ...deixei minha pata na mão do piá. Só prá voces, leitores humanos entenderem o que isto significa para um cavalo: é mais ou menos como voces confiarem e se entregarem completamente, com uma venda nos olhos a um estranho que conhecem há apenas 2 dias e que fala um dialeto antigo norueguês que não faz nenhum sentido prá voces Dá pra sacar a dificuldade ? PLEEEEEASE????

É...foi isso que tive que fazer....!!!

O dia foi complicado, mas acabou razoável…porém com reservas.


DO GAFANHOTO
DIA 3
Colocação do buçal:
- Sem grandes novidades a égua dá cabeçadas na minha mão para impedir a colocação do buçal.
Cabestreamento
- não houve problemas, a égua não invadiu meu espaço, também não passou na minha frente nem tentou fugir
Solta no redondel:
- ficou, como sempre, mais atenta ao espaço do que em mim. Após ser solta foi pastar, deu sua corrida normal mas rapidamente voltou sua atenção para a comida.
Trabalho:
- fiz somente ela correr pelo redondel.

Porém hoje, ela estava um pouco mais agressiva, coiceou o ar, murchou as orelhas e a garupa dela estava sempre na minha direção. Reagindo a isto eu fiz com que ela corresse mais rápido e trocasse de mão com mais freqüencia.


Hoje a nossa intenção era de encilhar a égua,

Porém a minha querida mestra teve a idéia de me fazer pegar as patas anteriores da Ventania. Aí a égua enlouqueceu, virou a garupa em minha direção e tascou o coice. Eu até poderia dizer que foi o meu enorme reflexo, força e agilidade que me salvaram, mas não, foi puro medo e sorte.


Rapidamente a professora pegou a corda e fez ela dar ré girar para um lado, depois para outro, era a égua prá cá, corda aqui, professora ali. Quando a mestra terminou de ensinar para a égua que dar coice era errado, ela me chamou e disse: “vai e acaricia a pata dela”…Eu queria ter visto a minha cara de: “ela tem que estar brincando”…mas como ela não riu, eu fui né! Depois disto eu tive que me colar na barriga da égua atrás da cernelha, faze-la girar...... e então pegar a pata novamente e desta vez eu consegui.
- Durante a tarde eu acariciei e agradei a égua.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

NOSSO DIÁRIO SEGUE!

DIA 2 DA MUIÉ

Bah! Foi melhor que eu esperava. Meu pequeno Gafanhoto e sua potra se comunicaram muito bem! Logo ele já conquistou seu interesse e respeito dela. Ela já o seguia em menos de 20min de trabalho no redondel.
Depois veio o trabalho de controle da garupa, que comecei fazendo e ela logo captou a mensagem, aí passei a bola para ele.
Passou a mão em todo o corpo da potra, sem mistério. Trabalhou com a Bandeira Dessensibilizadora Gallopaytor Tabajara também. Foi um orgulho ver que ela começou assustada e depois havia uma cena de completo equilíbrio e confiança mútua.
Claro que quando pedi ao meu discípulo que agitasse a bandeira com mais força e fizesse mais barulho, o Testosterona Júnior foi com tudo, baixou nele o espírito de Conan, o Bárbaro… o que resultou em um pouco de agitação da parte da pobre…que não conseguia entender o que aquele maluco queria, se afinal, o carnaval já tinha passado e ele não levava jeito para porta estandarte nem mesmo da escola de samba Afogados da Varginha! Mas tudo acabou bem, ela entendeu que aos 16 anos, eles são mesmo assim e eu aprendi uma lição.
A aula foi um prazer só. To louca prá ver o que vai rolar amanhã..

LIÇÃO DO DIA: Nunca, NUNCA MESMO, peça para um jovem saudável de 16 anos para que ele bata, agite, torça, puxe, empurre, aperte ou esprema COM MAIS FORÇA! É bem provável o resultado seja: Ops! quebrou, espatifou, arranhou, explodiu ou…como no caso da Ventania…se assustou.

DIA 2 DA VENTANIA

Beleza…a área de ginástica é bem bacana. Nada de aparelhos muito sofisticados, mas muita tranqüilidade no trabalho. Os personal trainer são bem dedicados com o corpo e a mente desta belezura que vos fala.
Teve o guri aquele, que acho que é aprendiz da chefa, que trabalhou mais comigo. Um pouco de aeróbica, depois massagem com uma varinha com um pano branco (por pouquíssimo tempo) na ponta, muito relaxante, cheguei quase a dormir. Embora teve uma hora que deu um treco no piá, baixou o santo nele e ele começou a bater aquela coisa no chão e agitar no ar, que susto levei, eu tava quase dormindo criatura! Mas vi logo que não foi por mal, acho que esses faniquitos devem ser da idade…eu mesma tinha um primo que fazia isso, o Meteoro,. Hoje ele tá correndo no hipódromo da Gávea, já ganhou dois GPs! Ele de vez em quando, do nada, começava a galopar e dar coices na volta da mãe dele.
Voltando ao treino…depois tudo voltou à calma, vi que a chefa gritou umas coisas prá ele.
Acabado os exercícios, me ofereceram uma saladinha de alfafa básica e voltei pro meu apê.
LIÇÃO DO DIA: Guris e potrinhos têm boa intenção, mas às vezes o corpo não acompanha a idéia.

DIA 2 DO GAFANHOTO
Colocação do buçal na égua:
- tentou morder quando eu fui colocar o buçal, então a fiz recuar para aprender a respeitar o meu espaço.
Saída da baia (condução ao redondel):
- hoje a égua não tentou fugir da minha mão, muito menos fez menção de pastar, porém na chegada ao redondel ela se distraiu com os outros cavalos que estavam em um campo perto.

Solta no redondel:
- parou de se distrair com os outros cavalos , porém não voltou sua atenção para mim. Ao tentar tirar o seu cabresto ela começou a cabecear a minha mão novamente, efetuei o recuo, após isso não tive mais problemas para largá-la. Ao ser solta, correu para um lado do redondel e pastou.

Trabalho:
- ao entrar no redondel, pedi a atenção da égua, fazendo-a correr, ou seja, fazendo que o momento em que ela não estivesse focada em mim fosse o mais difícil. Quando ela mostrava as peculiaridades que eu esperava, como baixar a cabeça demonstrando submissão ou mascava o ar transparecendo tranqüilidade eu diminuía o seu ritmo . Após isso foi feita uma dessensibilização com uma varinha com um pano amarrado nela, que é tocado por todo o corpo do animal. Também girei a varinha por cima da cabeça da égua e ao lado de seu dorso para respectivamente prepará-la para ter um laço sendo boleado e ficar calma e para ter algum dia um chicote sendo estalado ao seu lado sem causar maiores problemas.

Como ela respondeu bem ao trabalho, resolvemoas encerrar o serviço. Lembrando sempre que o final do trabalho não é só para humanos, mas também para os cavalos, por isso foi dado pra égua muitop carinho (sem pressa), comida, água e uma baia limpa.


Garanhão mordedor parte 1

O anjinho sendo selado...bah que mão de obra!

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Garanhão mordedor parte 2

Potro que trabalhei durante curso em Aquidauana, MS
Bem legal!

Nosso querido diário

Taí meu novo desafio, ensinar um piá de 16 anos a iniciar sua potra xucra.
Tô aqui quebrando a cabeça prá eu aprender a ensinar prá ele, prá ele ensinar prá ela, pra ela ensinar prá ele, prá que no final (ou no meio, e desde o início) os dois saiam vivos, os três se comuniquem bem e que os outros dois fiquem tranquilos que seu filho está seguro e que cresceu mais um pouco como ser humano ao se comprometer e cuidar de um outro ser vivo.
É uma beleza de empreitada….a cabeça da gente funciona a mil. Nós três vamos fazer um diário de todos os dias de trabalho em conjunto. Quem sabe não rola um best-seller, um Nobel, um filme com a Angelina Jolie no papel principal (claro que da treinadora...), depois o Oscar … comemoração com o Hugh Laurie...ahnn onde eu tava mezz?

RELATÓRIO DA MUIÉ
DIA 1

Hoje foi a parte mais fácil, eu fiz o primeiro contato (join up, conjunção,) com a dita cuja potra de nome Ventania e ele ficou assistindo. Fiz a leitura inicial da potra e passei o que eu sentia pro meu novo Gafanhoto. Ela me parece bem segura, decidida e até metida às vezes. Corre prá lá...corre prá cá...um coicezinho aqui outro ali...pronto...mais ou menos estabelecemos as regras, eu peço por favor, ela faz. Ela não faz, eu mando, ela faz. Sem maiores problemas.
Amanhã vai ser tudo com ele. Aí que a coisa vai pegar….prá nós todos!

RELATÓRIO DA VENTANIA

DIA (-)1
To numa casa nova, passei a morar sozinha num condomínio , minha mãe ficou no outro apê.
No primeiro dia tava tudo muito angustiante, tentei pular pela porta da baia, não deu certo. Depois tentei pular pela janela….também não funcionou…nem mesmo com dieta ia conseguir. O negócio foi me conformar e esperar para ver o que vai acontecer. Tem uns irmãos que entram e saem dos apês ao lado, eles estão tão calmos que foi me dando mais confiança….aliás tem um lindão grisalho cabeludo que é um gato! Ou melhor …um cavalo! Já me agradei.

DIA 0
Beleza pura. Já saquei tudo, não tem risco nenhum. Comida boa, cama limpa e água fresca. Eu sujo, eles limpam. Eu como, eles servem de novo....é um bom serviço...só falta conhecer a academia de ginástica e a área de lazer.

DIA 1
Esse guri eu já conhecia, tava no outro condomínio. Colocou o buçal em mim…sempre me atrapalhando, no meu caminho, eu querendo sair, ele não deixando. Fomos até o redondel e me soltou lá. Mas tem uma mulher que tá junto, acompanha tudo e não para de falar 1 minuto!
Investiguei todos os cantos do redodel (CANTOS EM UM REDONDEL?!?!? Segundo o Érico isso não existe) prá ver se o ambiente era seguro. Logo percebi que não tinha risco e fui beliscar umas graminhas. Mas aí a mulher que falei prá voces entrou e já quis ocupar o lugar de líder do pedaço! Fiz ela trabalhar um pouco. Pensei e disse: "não é bem assim nega….te explica bem se quer o cargo, me convence ai que mereces ser minha chefa!" Mas depois de um tempo ela me convenceu….vou dar uma chance.
Ok, parece que a muié sabe o que tá fazendo , vamos ver onde vai dar…
RELATÓRIO DO GAFANHOTO


DIA 1
1. Colocação do buçal na égua.
- égua não respeita o espaço vital, tentando sempre se aproximar demasiadamente.2. Saída da baia.
- égua sempre atropela o seu condutor, ou seja, mostra desinteresse> Não se nota medo, pois quando liberada não tenta fugir e sim pastar.
3. Solta no redondel.
- continuou sem demonstrar interesse. Não demonstrou relutância em passar pela porteira, tão pouco mudou seu comportamento.

4. Sozinha no redondel.
- observou o local até perceber que nada a colocava em risco, começou a pastar e em curtos períodos de tempo, corria circularmente. Por vezes demonstrou interesse em tentar pular a cerca, porém não deu continuidade a esta opção.

5. Trabalho
- a égua é metida, invade o espaço de quem está trabalhando com ela. O animal não tenta comandar o grupo e sim não fazer parte deste. Morde e solta dá coices na direção da treinadora, porém no final do trabalho ela acaba respondendo positivamente, aceitando ser parte da dupla.
- quando a égua invadia o espaço vital da treinadora foi executado o trabalho de recuo. Nos momentos em que a égua tentava morder foi feito um afastamento. Ao direcionar o coice na direção da treinadora, esta fez com que a égua trabalhasse mais.

quarta-feira, janeiro 14, 2009

Malhação










Hoje eu malhei!
Estava há horas pensando que eu precisava fazer exercícios, perder peso, entrar em forma.
A oportunidade chegou.
A minha turma é ótima...todo mundo saradão, mas ninguém te olha com aquela cara típica de academia...de cima a baixo, com superioridade do alto de seus 47 kg, coxas musculosas e barriga de tanquinho (momento em que a gente que está fora de peso quer se enfiar para debaixo daquele tapetinho de borracha da esteira...só que não cabe). Nada de colants da última moda nem aqueles papinhos de academia "noofffaaaa teu reto abdominal tá vippééé´rrrimo" ou "tu viu a Lucinha Krás Pita Borges de Barcelos Strasberger? Tava com o mesmo tenis de ontem!" ou " preciso aumentar minha série de supino prá 5000x com 300kg...".
No meu grupo é todo mundo muito legal e muito parceiro! Todos vegetarianos mas me aceitam como eu sou...e são muito simples na maneira de vestir....elegantes, mas simples.
O ambiente é super tranquilo, espaçoso, decoração de primeira e uma música relaxante.
Como era meu primeiro dia, comecei devagar, com uma caminhada de uns 30 min. Depois fiz umas séries de agachamento. Mas o grupo muscular que eu mais trabalhei foram os bíceps, quadrícepes, e qualquer outro íceps que voce possa imaginar! Tomei um suador que tu nem imagina criatura.
Tão loucos prá saber o endereço desse paraíso não é? Tá bem vou falar, mas não tem mais vaga...ou melhor só tem mais uma vaga - a de tratador!
Pois é, meu casal de caseiros foi embora e me deixou com 20hectares de terra, 7 baias para limpar e mais uns tantos cavalos para alimentar, escovar, exercitar e banhar, sem contar a minha casa prá limpar (que vai ficar por último).
Vou confessar uma coisa....TÔ ADORANDO! Imagina ainda perder peso? É bônus!
Eu recoméndo!
Dá uma olhadinha na Academia e meus colegas de ginástica:

Hall de entrada e amplo estacionamento:

Salas de musculação:

Eu e meus colegas na caminhada de aquecimento:



Duchas:

domingo, janeiro 11, 2009

Como tudo começou





Iriam trazê-lo de reboque...não entrou de jeito nenhum...
Depois decidiram trazê-lo montado atá aqui em casa...muito assustado, ficou perigoso e não vieram...
Era um cavalo que eu precisava ver porque estava à venda e eu tinha uma cliente. Iria experimentá-lo durante meus cursos.
Fui no local e quando o vi ele não estava bonito, mas tinha potencial . Crinas enormes, tordilho, aquele pescoção maravilhoso e inconfundível dos lusitanos, altão e forte.
Acho que o que mais me interessou nele foi a sua expressão. Tinha uma cara de completo desagrado quando alguém se aproximava! De jeito nenhum agressivo, talvez até a maioria das pessoas nem percebesse a mudança das feições dele naquele momento. Era um leve atrasar de orelhas, um quase imperceptível virar de cara, um pequeno franzir dos lábios...nada de mais. Só isso. É tido como muito manso, mas para o meu gosto ele me pareceu apenas aturar as coisas, com apatia, um completo desinteresse por tudo... eu diria até tristeza. Para mim era como se ele dissesse: "putz lá vem gente de novo, que será que eles vão aprontar agora...que saco..."
Nada de mais. Mas tudo isso acendeu em mim a chama do desafio e, novamente(o que nas minhas contas deve totalizar umas 94.279 vezes) despertou o meu incontrolável desejo de proteger, de cuidar e de mudar a vida de um cavalo para melhor.
Será que consigo fazer ele mudar de opinião? Será que consigo fazer ele se interessar e gostar da presença de gente, e não apenas aturá-la?? Mais importante: será que consigo fazer ele gostar de mim e trabalhar junto comigo como parceiro, gostando do que faz?

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